O advogado mineiro Thiago Flores é um dos 100 jovens brasileiros convidados pelo papa Francisco para se reunirem com o pontífice neste mês na cidade de Assis, na Itália.
O evento "Economia de Francisco" acontece entre os 22 e 24 de setembro e vai reunir cerca de mil jovens do mundo inteiro para discussão de ideias para um capitalismo mais sustentável.
"O encontro é uma referência a São Francisco de Assis, que nasceu rico e soube dividir os bens com a humanidade. Vamos debater soluções humanizadas para a economia, como a redução da jornada de trabalho, a renda mínima global e os bancos populares. É um contraponto à precarização que vivemos hoje", explicou Thiago.
Morador do bairro Citrolândia, em Betim, na região Metropolitana, o advogado é filho de um casal de pacientes com hanseníase que foram internados de forma compulsória na Colônia Santa Isabel. Ele também é diretor nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas por Hanseníase (Morhan).
No encontro promovido pelo papa, o mineiro vai levar justamente esse assunto para ser debatido. "A Organização Mundial de Saúde (OMS) possui uma lista com 11 doenças negligenciadas, entre elas hanseníase, dengue e tuberculose", disse Thiago Flores.
Segundo ele, são doenças para as quais já existe tratamento, mas que matam de 500 mil a um milhão de pessoas por ano no mundo. "Boa parte das vítimas são pessoas mais pobres e que não têm acesso a tratamento adequado", apontou.
Combate ao preconceito
Thiago se encontrou com o papa pela primeira vez em junho de 2015. Na época, o tema foi o preconceito gerado pelo uso da palavra "lepra" – termo pejorativo para se referir à hanseníase.
"Toda vez que o papa iria falar de algo ruim, como pedofilia ou corrupção, ele usava esse termo. Então solicitamos uma audiência e explicamos que isso gerava uma enorme carga de preconceito contra os portadores da doença", contou.
O mineiro revelou que o encontro com Francisco surgiu efeito. "Ele nunca mais usou o termo e, em 2016, o Vaticano promoveu um seminário para tratar do assunto".
Colônia Santa Isabel
Localizada na região da Citrolândia, a Colônia Santa Isabel completa 91 anos em novembro e foi construída como alternativa para o controle da hanseníase no Brasil.
O local recebeu pessoas com a doença vindas de diversas regiões do país e, principalmente, de Minas Gerais.
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