Moradores evacuados na Zona da Mata por risco em barragem de água poderão retornar para suas casas

José Vítor Camilo
20/03/2019 às 19:10.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:53
 (Prefeitura de Rio Preto / Divulgação)

(Prefeitura de Rio Preto / Divulgação)

A mineradora Vale anunciou, nesta quarta-feira (20), o encerramento do nível 2 de risco da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Mello, localizada na zona rural de Rio Preto, cidade da Zona da Mata mineira, o que permitirá o retorno para casa das 29 pessoas que foram evacuadas no último sábado (16), da região que estaria na Zona de Autossalvamento (ZAS). A retirada das famílias ocorreu após fortes chuvas que atingiram a região no fim de semana, elevando o volume de água da hidrelétrica. 

Conforme nota divulgada pela mineradora, "com base em inspeções visuais de campo, dados de instrumentação e análises de estabilidade das estruturas, a empresa externa de engenharia contratada pela Vale atestou a segurança e estabilidade da barragem. Somando-se a isso, a redução do nível de água no reservatório permitiu o retorno ao registro de nível 1 de segurança", completa o texto.

A empresa afirmou que, com essa redução do nível, os moradores foram autorizados a retornar para suas casas pela Defesa Civil da cidade. Já com relação aos animais removidos, a mineradora alega que o retorno deles acontecerá conforme plano elaborado em conjunto com os proprietários, com apoio de empresas especializadas.

"Três pontos de passagem em estradas vicinais (Quitote, Campo do Lico e no entroncamento com Furtado) foram desbloqueados, mas permanecerão monitorados pela empresa", conclui a nota da Vale. 

Um comunicado divulgado nas redes sociais pela Prefeitura de Rio Preto, juntamente com a Defesa Civil do município, também confirma a liberação do retorno das famílias, completando que os três pontos de bloqueio passam a funcionar agora apenas como pontos de controle, até que a obra de reforço na estrutura da barragem seja concluída. "A força tarefa mobilizada para traçar o Plano de Ação de Emergência vai continuar em andamento, orientando a comunidade e desenvolvendo simulados para que a população esteja ciente de como agir no enfrentamento de situações de emergência", completa. 

Por fim, o texto agradece a compreensão da população, principalmente pelos que foram evacuados, e pede a colaboração de todos nessa etapa do Plano de Ação. "A disseminação de notícias confiáveis que confortem a população, bem como seu bem-estar e segurança são uma preocupação constante. A Defesa Civil municipal comunica ainda que o canal de comunicação por telefone, no número (32) 98451-9262, vai continuar funcionando, até que o Plano de Ação seja concluído. O canal tem como objetivo principal informar e orientar a população, e impedir a disseminação de boatos e notícias falsas", finaliza. 

Medo

Apesar da informação, alguns moradores disseram ter medo de retornar para suas casas mesmo com o laudo atestando a segurança. "Não tem como andar com tranquilidade naquela área mais...enquanto houver essa barragem", escreveu um homem. 

"Se eu morasse por aí eu não ficaria tranquila nunca. Se houve infiltração na estrutura como falaram, vai saber, não é? Eu não confiaria mesmo com os laudos técnico todos", afirmou uma outra moradora da cidade nas redes sociais.

A estrutura

A PCH Mello tem 14 metros de altura e comporta 4,5 milhões de m³ de água, segundo informações divulgadas pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). A barragem tem 56,98 hectares de lâmina d’água no nível normal da estrutura e 68 hectares no nível de máximo, conforme consta no licenciamento concedido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) em 2013.

A estrutura foi construída sobre o leito do Ribeirão Santana em 1996. "Foi construída toda em concreto compactado a rolo (CCR) e possui uma crista de 100 metros de extensão, 19 metros de altura máxima com crista de 4 metros de largura, situada na cota de elevação de 600 m, não possuindo estrutura de extravasamento de fundo", detalha o documento.

Evacuações

De acordo com dados atualizados da Vale, além das 272 pessoas evacuadas em Macacos, foram retiradas de casa 344 moradores de comunidades de Barão de Cocais (MG), na madrugada de 8 de fevereiro. A medida foi adotada devido a riscos com a barragem Sul Superior da Mina do Gongo Soco. Além disso, a reavaliação da situação das barragens Vargem Grande, Forquilha I, Forquilha II e Forquilha III levou à retirada de mais 38 pessoas em 20 de fevereiro, nos municípios de Nova Lima e Ouro Preto. Já em Brumadinho, após a tragédia de 25 de janeiro, 271 moradores deixaram os locais onde moravam.

Além da Vale, outras mineradoras também realizaram evacuações. No mesmo dia em que a sirene soou em Barão de Cocais, moradores de Itatiaiuçu (MG) também foram pegos de surpresa. No município, cerca de 200 pessoas tiveram que deixar as casas onde viviam devido aos riscos de rompimento da barragem Serra Azul, da Arcellor Mittal. A última barragem em que o nível 2 foi acionado fica em Rio Acima (MG). A estrutura pertence à empresa Minérios Nacional.

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