Morte de Prince levanta alerta para o uso indevido de analgésicos; saiba mais

Da Redação*
Hoje em Dia - Belo Horizonte
Publicado em 03/06/2016 às 18:25.Atualizado em 16/11/2021 às 03:44.
 (AFP/Pascal George)
(AFP/Pascal George)
A notícia de que a morte do cantor Prince foi consequência de overdose de um tipo de analgésico, derivado do ópio, no último dia 21 de abril, reacendeu o alerta para o uso indevido dos medicamentos que, ao invés de combater as dores, podem terminar levando à dependência. Em 2009, o pop star Michael Jackson também morreu por uso demasiado de outra família de analgésicos.
 
“A sensação é de um bem-estar, um humor muito bom. Por isso as pessoas acabam procurando os opioides”, explica Irimar de Paula Posso, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED). “No entanto, ao tempo que você vai usando esse medicamento, mais resistente você fica a ele. Por isso, para conseguir a mesma sensação, a pessoa acaba aumentando a dose”, ressalta Posso.
 
Essa tolerância aos analgésicos é similar ao álcool: uma pessoa que nunca bebeu que ingere álcool pela primeira vez sente os efeitos muito mais rapidamente que outra já acostumada com a bebida. No caso dos opióides, os efeitos podem ser ainda mais devastadores devido ao grau de dependência das substâncias. Em casos de ingestão em excesso, a pessoa pode sofrer com náuseas, vômitos, sonolência e, em casos de excesso, uma redução das funções respiratórias, que pode levar ao óbito.
 
Uso restrito
Segundo Irimar Passo, o uso de opióides no Brasil é recomendado para pacientes que estejam lidando com dores agudas, como traumas e fortes cólicas renais, ou dores crônicas “malígnas”, como tratamento de estágios avançados de câncer e de AIDS. No entanto, em pacientes com dores crônicas “não-malignas”, ou seja, que não impedem a pessoa de viver ou exercer uma função, o uso é proíbido.
 
Se por acaso alguém obter ilegalmente tais analgésicos, os sinais de uma possível dependência são característicos. “A pessoa fica com uma 'euforia interna': ela vai querer ficar quieta, no canto dela curtindo a sensação. A pessoa não vai querer se relacionar”, explica Irimar Posso. “Além disso, ela vai começar a gastar mais dinheiro para sustentar a dependência”.
 
De acordo com o especialista, é possível largar o vício, mas deve ser planejada cuidadosamente. “Se for feita abruptamente, pode levar a uma crise de abstinência, com sintomas como sudorese e taquicardia”, ressalta Posso, que destaca que o tratamento correto é feito a partir de uma internação e um programa que busca reduzir gradualmente a quantidade de opióide ingerida pela pessoa e/ou a substituição por outro com efeito menos agressivo.
 
(*) Colaborou Paulo Roberto Netto.
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