Mortes por causa da chuva em Minas dobraram em relação ao período anterior

Alessandra Mendes, Raul Mariano e Renata Evangelista
horizontes@hojeemdia.com.br
14/12/2016 às 22:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:05

O período chuvoso nem chegou à metade e o número de mortes em decorrência das chuvas em Minas já é o dobro do registrado na última temporada inteira. Até o momento, já são contabilizados ao menos dez óbitos no Estado, sendo que o dado pode aumentar, já que duas pessoas ainda estão desaparecidas. No período chuvoso anterior, entre outubro de 2015 e março de 2016, foram registradas cinco mortes em Minas.

O último boletim da Defesa Civil, divulgado ontem, ainda trazia o registro de sete óbitos, não incluindo, portanto, as outras três pessoas que morreram no acidente com caminhão engolido por uma cratera aberta em uma rodovia na cidade de Ribeirão das Neves, na Grande BH. No veículo ainda estaria um bebê de cerca de um ano, cujo corpo não foi localizado até o fechamento desta edição. Também está desaparecido um homem levado pela água durante uma inundação na cidade de Resplendor, na região do Rio Doce.

O alerta está ligado em todo o Estado, uma vez que mais de dois meses do período chuvoso ainda estão por vir, e as chuvas devem ser mais intensas do que as do ano passado. Na capital, o volume de chuva na primeira metade de dezembro já extrapolou a média histórica do mês, que é de 319,4 milímetros. 

Segundo dados da Defesa Civil municipal, das nove regionais, somente a Noroeste não registrou um índice pluviométrico maior do que a média da cidade para o mês. Na região do Barreiro, já choveu mais de 30% acima dessa média histórica da capital. Até o fim da tarde de ontem, o índice de chuvas da região já havia chegado a 427,5 milímetros. Na região de Venda Nova, onde ocorreram alagamentos e inundações, o índice já está em 410,2 milímetros.

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 Áreas de Risco
Por causa desse volume de chuva na cidade, a preocupação está voltada para cerca de 650 casas que estão em risco. A Defesa Civil emitiu ontem um alerta para moradores da região das ruas Sustenido e Veraldo Lambertucci, no bairro Novo São Lucas, região Centro-Sul, e rua Patrício Barbosa, na Vila Chaves, no bairro Califórnia, região Noroeste. O órgão pede para que esses moradores não permaneçam em suas residências em virtude da vulnerabilidade destas localidades e a possibilidade eminente de desastre.

Apesar do alerta, as famílias da Vila Chaves escolheram permanecer nas suas casas, já que não teriam para onde ir. “Ficamos nos revezando para monitorar as encostas e as casas. Quando vemos alguma coisa, retiramos as pessoas. Tivemos que retirar uma família hoje (ontem). Ainda colocamos lonas e tomamos outros cuidados porque não temos para onde ir”, afirma o pedreiro José Batista de Souza, 59 anos.Cristiano MachadoMoradores da vila recebem nos celulares alertas periódicos da Defesa Civil por causa da chuva

 Morador do local há 10 anos, o pedreiro ressalta que não tem medo que o pior ocorra. “Como estamos sempre em alerta, trabalhamos para que isso não aconteça. Recebemos os alertas da Defesa Civil no celular e fazemos vigia para proteger todos”, diz. Em vistoria no local, agentes da Defesa Civil constataram que há movimentação da encosta. 

Em outubro o Ministério Público notificou os moradores para que deixassem o local por causa do risco, mas as famílias recorreram. Caso elas não saiam, a remoção dependerá de ordem judicial, já que a vila é instalada em uma área privada.



 

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