Protesto

'Não quiseram nos escutar, apenas nos bateram', conta professora agredida durante confusão na PBH

Lucas Sanches
@sanches_07
25/03/2022 às 12:58.
Atualizado em 25/03/2022 às 13:33
 (Lucas Prates/ Hoje em Dia)

(Lucas Prates/ Hoje em Dia)

"Estávamos em pequeno número, e de forma pacífica, com algumas placas e faixas. De repente, jogaram spray na gente, e os olhos começaram a arder". O relato é da professora Maria Laura de Abreu Rosa, de 60 anos, uma das pessoas que estavam em vigília promovida  Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Publica Municipal de BH (Sind-Rede) na porta da prefeitura de BH, durante pronunciamento de Alexandre Kalil (PSD), então prefeito de BH, a respeito da candidatura ao governo de Minas.

Ainda em observação no hospital, ela conversou com a reportagem do Hoje em Dia e contou como foi o momento da confusão. A professora diz ter sido agredida por agentes da Guarda Municipal nas costas e, sem conseguir sair dali, precisou da ajuda de colegas para buscar abrigo.

"Não consigo entender o motivo de tanta agressão. Eles não queriam nos ouvir, apenas bater. A alma de professora está acabada, é um absurdo receber tamanho desrespeito", lamentou em meio a lágrimas. 

Maria Laura contou que passou por exames, e nenhuma lesão foi detectada nos pulmões ou costelas, áreas mais atingidas pelas agressões e pelo spray. Ela recebeu medicação intravenosa e, após os exames, foi liberada. Junto com o advogado do sindicato, eles agora farão registro de Boletim de Ocorrência e exame de corpo de delito.

Descrente, ela agora questiona não apenas o prefeito de BH, mas o efeito que o trabalho dos professores causa na sociedade.
"Fica a dúvida se vale a pena se dedicar como professor para pessoas que não querem aprender. Dessa forma, com tanta violência que sofremos, vemos que Kalil não serve para ser coisa nenhuma", finaliza.

Caso será investigado

Conforme informou o secretário Municipal de Segurança e Prevenção da PBH, Genilson Zaferino, o ato será investigado pela Corregedoria Municipal.

“Embora a cena tenha sido feia, a gente precisa avaliar se era preciso fazer aquilo. Essas coisas serão tomadas a partir de um próprio processo da guarda. Nesse momento, o comando que acompanhou, está encaminhando o caso para a corregedoria, que fará a apuração preliminar, e agora, 13h, temos uma reunião. Se de fato constatar que houve excesso, a pessoa será punida”, concluiu. 

“Houve uma transgressão dele do ponto de vista da segurança e foi contido. O que precisa discutir é se isso aconteceu dentro de uma lógica ou se houve excesso”, finalizou.

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