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Terça-Feira,30 de Abril
Paralisação

‘Não vamos recuar na nossa luta’: forças de segurança repudiam fala de Zema sobre reajuste salarial

Clara Mariz
@clara_mariz
17/03/2022 às 20:57.
Atualizado em 17/03/2022 às 21:05

Representantes dos sindicatos das forças de segurança de Minas repudiaram a fala do governador Romeu Zema (Novo) durante entrevista à Rádio Itatiaia, nesta quinta-feira (17), em que reconheceu que errou ao prometer uma recomposição salarial de 41% aos servidores da categoria. Zema, que pretende concorrer à reeleição, afirmou que o futuro era “incerto” e que, por isso, o compromisso não deveria ter sido firmado. 

Para o vice-presidente da Associação dos Praças Policiais Militares e Bombeiros Militares (Aspra/PMBM), Marco Antônio Bahia, a declaração do governador foi uma “desculpa” para justificar a falta de compromisso com os profissionais.

“Foi com muita surpresa que nós recebemos a fala do Zema, porque, quando nós fizemos o acordo, houve um planejamento adequado por parte do Estado. É evidente que em 2020 surgiu a Covid e a economia ficou combalida, mas os números que vieram em 2021 nos mostraram o contrário. Houve uma arrecadação maior que o orçamento do Governo”, afirmou. 

Durante a entrevista, Romeu Zema explicou que outro fator que impediu que o acordo com os servidores fosse cumprido foi a Lei de Responsabilidade Fiscal. “A pandemia veio e a arrecadação do Estado despencou. Além disso, veio uma mudança legal, que é exatamente a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe um Estado como Minas Gerais fazer o reajuste diferenciado para algumas categorias e acima da inflação do ano anterior”, disse em entrevista à Rádio Itatiaia.

O vice-presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Minas, Wladimir Dantas, afirmou que a falta de diálogo do Estado e, principalmente, de Zema com a categoria revela que o governo não quer negociar as reivindicações feitas. “É um governo intransigente e incomunicável. O nosso questionamento é por que ele ( Romeu Zema) não veta o judiciário, por que não trata igual está nos tratando?!. Então é nessas diferenciações que nós vemos as falhas, porque ele se diz legalista, mas nós não vemos por esse lado, não”, disse. 

A reportagem procurou o Governo de Minas para se pronunciar e até a publicação desta matéria não obteve resposta.

Sem acordo

Ao Hoje em Dia, o representante da Aspra afirmou que a categoria não vai recuar da decisão de manter a greve por tempo indeterminado. “O recado é que, independente do posicionamento que ele adote para justificar essa fala dele, nós não vamos recuar na nossa luta. Ele falou que vetará aumento do reajuste caso a Assembleia o fizesse, nós queremos deixar claro que ele vete, os atos continuam. Nós vamos lutar pela nossa justa recomposição salarial”, disse Bahia.

De acordo com o vice-presidente do Sindpen, os policiais ainda esperam que Zema “mude o tom” que vem tendo desde o início da greve e passe a negociar com as categorias. “Já que ele é um governo do diálogo, então vamos dialogar; dá para modificar, nós estamos abertos, mas o projeto do jeito que está nós não aceitamos”, afirmou Dantas. 

Parlamentares 

Durante a reunião extraordinária da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas nesta quinta-feira (17), o deputado estadual e presidente da comissão, Sargento Rodrigues (PTB) questionou os argumentos usados pelo governador do Estado para justificar a inviabilidade de pagar a recomposição salarial acordada com os servidores da segurança pública em 2019. “Minas Gerais recebeu R$ 3 bilhões somente de repasses da União no ano de 2020. Três bilhões de socorro aos estados. Em 2021, Minas Gerais fechou o caixa, com R$ 18 bilhões”, disse o parlamentar. 

Em suas redes sociais, Rodrigues reafirmou a “falta de compromisso" do executivo com a categoria. “Cumpra a lei que tanto gosta de citar e troque seus elogios por reconhecimento, em forma de condições dignas de trabalho, tanto salariais quanto estruturais. Cumpra seus deveres e honre sua palavra, não use a lei como enfeite em benefício próprio ou de seus amigos empresários milionários, na isenção fiscal”, escreveu. 

O deputado federal Subtenente Gonzaga (PDT) também se pronunciou após as declarações de Zema. Para ele, apesar de ser o Comandante Chefe de Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, o governante não possui ato de “altruísmo” e “heroísmo” em favor dos servidores da segurança pública. “O que temos assistido é o desprezo e uma campanha constante pela retirada de direitos duramente conquistados”. afirmou. 

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