Na Semana Mundial do Meio Ambiente, Minas celebra redução do desmatamento

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05/06/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:14
 (Carlos Alberto/Imprensa MG)

(Carlos Alberto/Imprensa MG)

Minas Gerais tem motivos para comemorar e também muitos desafios pela frente na conservação e regeneração do meio ambiente. Dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica, apontam que o desmatamento do bioma caiu 4% no estado no período 2015-2016 em relação a 2014-2015. Uma redução que ultrapassa os 30% comparado aos anos 2011 e 2012.

Apenas três estados brasileiros registraram queda neste período. Segundo a diretora de Conservação e Recuperação de Ecossistemas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Fernanda Teixeira Silva, o IEF trabalha para aumentar a cobertura florestal em Minas. 

“Atuamos em áreas consideradas prioritárias para conservação e recuperação de ecossistemas, fazendo, por exemplo, a adequação das propriedades rurais e, principalmente, fomentando a recuperação de áreas degradadas junto à sociedade”, afirma.

Entre 1985 e 2015, ainda de acordo com dados da SOS Mata Atlântica, Minas Gerais foi o segundo estado com maior regeneração do bioma no país, com 59.850 hectares de Mata Atlântica recuperados. 

A cidade de Águas Vermelhas, no Vale do Jequitinhonha, é a que teve mais áreas regeneradas, com um total de 3.666 hectares (ha), seguida por Teófilo Otoni (2.017 ha) e Novo Oriente de Minas (1.988 ha), ambas no Vale do Mucuri.

De 2006 a 2016, os programas de fomento do IEF apoiaram a recuperação de 84,2 mil hectares, tendo sido produzidas cerca de 17,5 milhões de mudas nativas

Alternativas

Para frear o desmatamento, ainda alto no estado, o IEF desenvolve ações em parceria com produtores, comunidades, prefeituras e empresas. Um dos principais caminhos é oferecer alternativas mais sustentáveis para quem tira a renda da terra, de modo que nem o meio ambiente fique prejudicado e nem o produtor.

“Temos os programas de fomento florestal, que incentivam a recuperação e enriquecimento das matas com a distribuição de mudas nativas e frutíferas, insumos e assistência técnica a produtores rurais. Eles podem procurar a unidade regional do IEF mais próxima e participar do programa”, destaca Fernanda.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) também realiza ações de fiscalização ambiental em todo o estado. Somente no bioma Mata Atlântica, foram 1.073 ações em 2016 e 2017. Foram aplicadas multas num total de R$31,3 milhões.

Cooperação

Outra iniciativa de recuperação florestal realizada pelo Governo de Minas Gerais é o Plantando o Futuro, coordenado pela Codemig. Como parte do projeto, foi formalizado um termo de cooperação mútua entre Codemig e IEF que prevê a reestruturação de três viveiros do IEF, em Corinto, Patos de Minas e Leopoldina, que serão responsáveis pela produção de dois milhões de mudas por ano para atendimento ao projeto. 

O Plantando o Futuro concluiu, em maio deste ano, o plantio de 225.254 mudas de árvores nativas em áreas degradadas e a proteção e recuperação de 20 nascentes.

Norte do Estado lidera regeneração da Mata Atlântica

De acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica, as cidades de Águas Vermelhas, no Vale do Jequitinhonha, Teófilo Otoni e Novo Oriente de Minas, ambas no Vale do Mucuri, foram as que tiveram mais áreas de Mata Atlântica regeneradas nos últimos anos.

Para a supervisora regional Nordeste do IEF, Janaína Mendonça, um dos principais fatores para o destaque da região é a própria condição climática, com pouca chuva. “Temos uma sensibilidade ambiental, já que, pela pouca disponibilidade de água, sentimos mais rápido os efeitos da degradação ambiental. Em função disso, as pessoas começaram a entender que é preciso mesmo conservar e recuperar”, diz.

Além disso, segundo Janaína, a fiscalização intensa nos últimos anos para coibição do desmatamento contribuiu para a redução do desmatamento local. “Deste modo, temos aqui uma conjuntura de atores já articulados para a melhoria ambiental. Diversos setores da sociedade estão unidos para buscar o uso mais sustentável do território”, completa.

Parcerias

O trabalho é feito tanto de forma responsiva, quando o produtor vai até uma unidade do IEF e procura assistência, quanto de forma ativa pelo Instituto, que identifica áreas prioritárias, busca parceiros e faz o trabalho de mobilização social dos produtores para a recuperação das áreas.

Em Teófilo Otoni, Novo Oriente de Minas, Crisólita, Araçuaí, Santo Antônio do Jacinto, Malacacheta e Águas Formosas foram selecionadas microbacias em que serão realizadas ações de recuperação de nascentes, implantação de sistemas agroflorestais e de tecnologias de captação da água da chuva, como as barraginhas. Mais de 300 produtores rurais dessa região já se cadastraram na expectativa de receberem o apoio do IEF.

Além Disso

Viveiros

A modernização dos viveiros de produção de mudas do IEF é uma das medidas para estimular a recuperação das florestas de Minas. O projeto de recuperação do bioma Mata Atlântica, o Promata II, aplicará recursos de cerca de R$ 1,5 milhão. Atualmente, o IEF administra 62 viveiros, com capacidade anual de produção de seis milhões de mudas nativas.

Bolsa Verde

O programa beneficia 2.726 pessoas responsáveis pela conservação de quase 90 mil hectares em áreas dos biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. O Bolsa Verde faz a concessão de incentivos financeiros aos proprietários e posseiros rurais visando à identificação, preservação e recuperação de áreas verdes.

Corredor Ecológico

Em 2016, foi implantado o Comitê Gestor do primeiro corredor ecológico criado em Minas, o Sossego-Caratinga, com mais de 66 mil hectares. O corredor promove a conexão de áreas de Mata Atlântica da região, tendo como eixo de ligação as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) Mata do Sossego, em Simonésia, e Feliciano Miguel Abdala, em Caratinga. 

Iniciativa pioneira

Umas das principais ações de estímulo à governança local no uso e conservação dos recursos naturais do bioma foi a elaboração e aprovação do 1º Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica – PMMA, fruto de uma parceria entre o Promata II, IEF e Prefeitura Municipal de Teófilo Otoni. 

O plano é um instrumento de gestão que traz informações consolidadas sobre a situação da Mata Atlântica no município. 

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