Nariz seco, tosse e falta de ar: fumaça 'cobre' BH e especialista alerta para impactos à saúde
Incêndio na Mata da Baleia chegou ao 3° dia consecutivo e uma grande cortina de fumaça pode ser vista de diversas regiões da capital
Ressecamento do nariz, olhos, tosse seca e até aumento dos tipos de câncer relacionados ao sistema respiratório em um futuro próximo. Essas são algumas das consequências da exposição à fumaça que toma conta do céu de Belo Horizonte. Uma grande cortina de fuligem pode ser vista de diferentes regiões da capital, devido principalmente a um incêndio de grandes proporções que atinge a Mata da Baleia pelo terceiro dia consecutivo.
Coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade Promove, Débora Cristina Gomes Pinto explica que o contato com a fumaça traz inúmeros prejuízos à saúde.
“Em alguns casos, as pessoas podem ter dificuldades respiratórias, principalmente quem já sofre de doença pulmonar obstrutiva crônica ou asma, por exemplo”, afirma. Sangramento do nariz, ressecamento da garganta, tosse seca e outros sintomas também são possíveis.
A professora, que é enfermeira, orienta a população a beber bastante água e a lavar constantemente os olhos e nariz.
Veja recomendações
- Beber bastante líquido;
- Lavar o nariz e os olhos com soro fisiológico;
- Se tiver condições, utilizar um umidificador;
- Se houver dificuldade respiratória, procurar assistência médica;
- Se morar próximo às áreas de queimadas, manter as janelas fechadas e colocar um pano úmido nas frestas;
- Avaliar a possibilidade do uso de máscara se próximo às queimadas.
Exposição à fumaça das queimadas pode aumentar casos de câncer, diz pesquisadora
A epidemiologista Ubirani Otero, chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), afirma que a exposição da população à fumaça gerada pelas queimadas pode aumentar o número de casos de câncer nas próximas décadas no Brasil. A pesquisadora define o cenário atual como “muito preocupante”.
“Se a gente não prevenir essas questões hoje, a gente corre risco de ter um aumento dos tipos de câncer relacionados ao sistema respiratório em um futuro próximo”, diz Ubirani Otero.
O alerta da especialista aponta o caminho para evitar o surgimento de casos. “A melhor prevenção contra o câncer é a eliminação da exposição. Se cessar o quanto antes, a gente pode prevenir muitos casos no futuro.”
A epidemiologista explica que a fumaça proveniente dos incêndios florestais é formada por inúmeros compostos químicos, o que a tornam cancerígena.
“As queimadas geram muito material particulado. Estamos falando de liberação de monóxido de carbono, solventes, metais pesados, hidrocarbonetos aromáticos, fuligem, uma gama de material que fica suspenso no ar", destaca.
O tipo de câncer mais diretamente ligado à exposição prolongada à fumaça e poluição do ar é o de pulmão e outras partes do sistema respiratório. Ubirani Otero aponta que, diferentemente de outras doenças agudas causadas pela exposição prolongada, como síndromes respiratórias, os cânceres podem levar de 20 a 30 anos para serem identificados.
“O período de latência é grande, então os efeitos dessa poluição de hoje para câncer a gente só vai ver depois de 20, 30 anos”, alerta a epidemiologista.
*Com informações da Agência Brasil
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