
Que a variante Ômicron da Covid-19 é a mais transmissível até agora, isso é de conhecimento dos cientistas. Só em Minas Gerais, desde que surgiu durante a 48ª semana epidemiológica, 100% das amostras colhidas no Estado têm sido da nova "versão" do coronavírus. Porém, uma sublinhagem dessa variante, intitulada BA.2, tem preocupado quem analisa o vírus, já que ela se "esconde" dos exames PCR-RT, quando comparada com a sua "mãe", a BA.1 (verão original da Ômicron).
Um relatório publicado pela Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UK Health Security Agency, em inglês) mostra que a nova cepa tem algumas diferenças, o que torna sua disseminação mais rápida e mais difícil de se detectar. Ao todo, 40 países já catalogaram o sequenciamento da BA.2 desde novembro de 2021.
De acordo com a agência britânica, o que faz com que a Ômicron BA.2 não seja facilmente detectada nos exames PCR é uma mutação na proteína Spike, a parte do vírus responsável por se conectar às células humanas. Mesmo assim, o relatório afirma que as vacinas existentes continuam eficazes, porém, é necessária a terceira dose.
Onde surgiu?
Até o momento, não é possível determinar onde a sublinhagem surgiu. Conforme o órgão de saúe do Reino Unido, os primeiros países a fazer o sequenciamento da BA.2 foram Filipinas, Dinamarca, Suécia, Singapura e Índia.
O que muda?
O Hoje em Dia conversou com o epidemiologista e mestre em infectologia José Geraldo Ribeiro Leite para entender a relevância dessa sublinhagem. Conforme o especialista, até o momento, catalogar a BA.2 é importante para a vigilância epidemiológica, principalmente para entender como o vírus se comporta.
O médico explicou que o surgimento de variantes é comum em todos os vírus que possuem material genético RNA. "O SARS-CoV-2 já nos mostrou a sua capacidade de mutação. Além disso, quanto mais um vírus circula entre diferentes hospedeiros mais ele vai mutar. A diferença é que, na Covid, essas mudanças acontecem nas proteínas Spike, local que os nossos anticorpos usam para identificar o vírus".
Do ponto de vista clínico, sobre os efeitos que a sublinhagem gera no corpo humano, o infectologista afirma que ainda é muito cedo para se fazer uma constatação. "Até o momento nós não percebemos nenhuma mudança muito significativa nos sintomas das pessoas que foram infectadas pela BA.2", afirmou.
Segundo José Geraldo, a prevenção da BA.2 é a mesma da Ômicron original. "O uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social continuam sendo eficazes contra a infecção da Covid, independentemente da variante".
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