De 6 e 7 anos

Número de crianças não alfabetizadas aumenta em um milhão em dois anos de pandemia

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
08/02/2022 às 18:38.
Atualizado em 08/02/2022 às 18:38

Cerca de 2,4 milhões de crianças brasileiras de 6 e 7 anos de idade não sabem ler e escrever, segundo seus pais ou responsáveis. Há dois anos, esse número era de 1,4 milhão crianças. 

Um estudo publicado nesta terça (08) pela ONG Todos Pela Educação mostra que, entre 2019 e 2021, nos dois primeiros anos da pandemia, houve um aumento de 66% no número de crianças não alfabetizadas nesta faixa etária. Em termos relativos, o percentual saltou de 25%
para 40%, nesse mesmo período.

De acordo com a ONG, as consequências são prejuízos em aprendizagens futuras, que aumentam os riscos de uma trajetória escolar marcada por reprovações, abandono e/ou evasão escolar., além de interferir no desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita.

Na pesquisa, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), os resultados também 
evidenciaram a desigualdade racial e social do país.

Em 2021, os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever, por exemplo, chegaram a 47% e 44%. Em 2019, os valores eram de 28,8% e 28,2%. Entre as crianças brancas, o percentual passou de 20%, nos últimos dois anos, para 35% neste ano.

Segundo a ONG, também é possível visualizar uma diferença relevante entre crianças que moram em residências mais pobres e mais ricas do país. Dentre as crianças mais pobres, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33% para 51%. Entre as crianças mais ricas, por outro lado, o aumento foi de 11% para 16%.

Educação como prioridade 

De acordo com o líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, a alfabetização na idade certa é um indicador importante sobre o quanto um país zela por suas crianças. Por isso, ele ressalta, é importante compreender a importância de escolher governantes que priorizem a Educação.

Outra preocupação do líder é a persistência de desigualdades históricas, em que crianças negras e  pobres continuam para trás. "A tragédia na alfabetização não pode ficar invisível. É fundamental que esse tema ganhe a devida prioridade na agenda dos nossos governantes”.

Apesar disto, a ONG destaca que ainda é possível transformar o futuro destas crianças, mas, para isso acontecer, é necessário priorizar a Educação agora, no presente.

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