Apenas medidas paliativas serão adotadas, inicialmente, na tentativa de evitar danos à mata do Cercadinho, na região Centro-Sul de BH. O local protegido por lei está em risco devido a moradias irregulares erguidas às margens da BR-356, entre os bairros Belvedere e Olhos d’Água.
Cerca de cem famílias construíram 30 barracos de alvenaria e madeirite na divisa com a área verde. Nesta sexta-feira (17), uma comitiva formada por diferentes órgãos públicos esteve no local e orientou os moradores sobre o perigo ambiental que a ocupação pode representar. Foram feitos pedidos para que não cortem árvores e tenham cuidado com o fogo.
Outras conversas sobre o uso da água e a disposição do lixo devem ocorrer em novos encontros. “Tivemos a oportunidade de alertá-los a respeito das questões ambientais daqui na região. Orientamos, por exemplo, a tomarem cuidado com fogo, tendo em vista o período de seca”, diz o diretor de Unidade de Conservação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Cláudio Castro. “O prejuízo ambiental já existe, mas pode se agravar se isso não for controlado”.
Reintegração
A reintegração de posse do terreno, que pertence ao governo federal, já foi expedida, mas não há previsão de quando a ordem será cumprida. O pedido foi feito pela Superintendência de Patrimônio da União (SPU) e autorizado pela Justiça Federal da 1ª Região.
A ação, no entanto, encontra resistência da Defensoria Pública da União (DPU), que solicitou a revisão da medida. O órgão teme prejuízos às crianças que vivem por lá e a realocação das famílias que vão ficar sem moradia.
Cláudio dos Santos Pereira, de 50 anos, é um dos moradores da ocupação. Natural de Sabinópolis, no Vale do Rio Doce, o pedreiro foi um dos primeiros a chegar ao espaço, ainda em 2013.
Ele lamenta a situação e pede que o imbróglio seja resolvido da melhor maneira. “É um transtorno. Nós queremos moradia, trabalho e tranquilidade”.
Procurador-geral do Estado, Adriano Brandão de Castro diz que o intuito da visita foi, além de mapear a situação do Cercadinho, observar os direitos das pessoas. “Elas terão a devida atenção e as secretarias responsáveis vão tomar medidas para que sejam cumpridas”.