Ocupantes da região do Isidoro não aceitam proposta da Granja Wenerck S.A.

Thais Oliveira - Hoje em Dia
21/08/2014 às 20:19.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:53
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

Os ocupantes do território da região do Isidoro, no Norte de Belo Horizonte, disseram nesta quinta-feira (21) que não aceitam a proposta feita Granja Werneck S.A. Segundo o representante da Brigadas Populares, Frei Gilvander, a procuradoria disse às ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, nessa quarta-feira (20), que a empresa iria colocar outro terreno à disposição das oito mil famílias que vivem no Isidoro. Frei Gilvander alegou, porém, que nenhum detalhe do terreno, como a localização e o tamanho, foi passado aos ocupantes.    “Queremos saber se esse terreno é capaz de assentar todas as famílias com dignidade”, disse. Frei Gilvander disse também que as ocupações estão preocupadas com outra informação que chegou nesta terça-feira (19). “Ficamos sabendo que uma das cláusulas do contrato assinado pela Caixa Econômica Federal com a prefeitura para a construção de 'predinhos' pelo 'Minha Casa, Minha Vida' prevê que o terreno precisa estar liberado até o dia 31 de agosto. Como eles vão construir alguma coisa expulsando milhares de famílias?”, afirmou.    A prefeitura informou que a data limite para a liberação do terreno estabelecido no contrato com a Caixa Econômica Federal está sendo negociada.    Segundo ele, chegou também a informação que a Polícia Militar se organizou novamente para realizar o despejo pacíficos das famílias. “Queremos alertar que é impossível fazer um despejo forçado sem morrer muita gente”, disse. O Hoje em Dia tentou contato com a Polícia Militar, mas nenhuma chamada foi atendida.     Negociações   No dia 14 de agosto, as ocupações divulgaram novas propostas para negociar a ordem de despejo das famílias. Os argumentos foram apresentados após a decisão da desembargadora Selma Maria Marques de Souza, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), dada no dia 13 de agosto, em que suspende a liminar que determinava o cancelamento da ordem de despejo das famílias que ocupam a região do Isidoro.   De acordo com o representante da Brigadas Populares, Frei Gilvander, foi feita uma reunião, no Ministério Público, com os representantes das ocupações e com a Procuradora de Justiça, Gisela Potério Saldanha. Nessa reunião, os ocupantes reafirmaram a primeira proposta à qual incorporaram uma segunda.   “Na primeira proposta, pedimos a suspensão da ordem de despejo, e que fosse feito um cadastro socioeconômico das famílias, o que já está sendo feito”, informou Frei Gilvander. Ele afirmou que as ocupações estão dispostas a reduzir o território onde há menos famílias morando e que as comunidades aceitam diminuir o tamanho dos lotes com o objetivo de aumentar o número de famílias morando em um terreno menor.   “Também queremos que as prefeituras de Belo Horizonte e de Santa Luzia, em parceria com o Ministério das Cidades, apresentem um projeto para a construção de moradias por meio do Minha Casa, Minha Vida Entidade. Depois de construir essas moradias, as famílias vão aceitar sair de onde estão para ir morar nessas novas casas”, afirmou.   De acordo com Frei Gilvander, a Granja Werneck S.A. e a Ângela Werneck se mostram dispostas a aceitarem essa primeira proposta. “Mas o Paulo Henrique e a prefeitura de Belo Horizonte não estão abertos ao diálogo e a única forma de evitar o banho de sangue é abrir a negociação”, disse.   A primeira proposta foi incorporada a uma segunda, desdobrada em quatro pontos, conforme explicou Frei Gilvander: - “Queremos que os empresários nos mostrem os projetos para a gente saber onde exatamente está prevista a construção dos 'predinhos' da prefeitura”. Segundo Frei Gilvander, as famílias se comprometeram a avaliar o projeto com rapidez e a remanejar as ocupações e, assim, liberar o espaço para que sejam construídas as casas prometidas pela prefeitura por meio do Minha Casa, Minha Vida.   - “Pedimos que os advogados da Granja Werneck S.A. peçam judicialmente a suspensão da reintegração de posse para termos tempo para a realocação das famílias”.   - “Queremos que as famílias ocupantes das áreas que fica fora do empreendimento tenham o direito de permanecer onde estão para que tenham tempo suficiente para acessar ao Minha Casa, Minha Vida Entidade”.   - “ Pedimos que o governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, se comprometa a não deixar que a polícia militar cumpra a ordem de despejo antes da efetivação da negociação”.    Frei Gilvander informou ainda nesta quinta-feira (21) que as negociações entre as ocupações e os responsáveis pelo terreno da Granja Werneck não avançaram.   Atualizada às 21h30.

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