Patrimônio roubado

Operação recupera documentos históricos da Coroa portuguesa sobre exploração do ouro em Minas

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
28/06/2023 às 10:27.
Atualizado em 28/06/2023 às 10:43
 (Divulgação / MPMG)

(Divulgação / MPMG)

Centenas de documentos históricos emitidos pela Coroa de Portugal no período de exploração do ouro em Minas Gerais, no século XVIII, roubados por um negociante de artes e antiguidades foram recuperados em uma operação do Ministério Público (MPMG) nesta quarta-feira (28), em Brasília (DF). Os documentos são classificados como patrimônio público e bens culturais que não podem ser livremente comercializados. O suspeito não foi preso ainda.

As investigações começaram a partir de informações repassadas para a Coordenadoria do Patrimônio Cultural (CPPC) do MPMG, que conseguiu apurar que o negociante estaria em posse de diversos documentos, dentre eles, alvarás, decretos e regimentos sobre a exploração de ouro no Estado na segunda metade do século XVIII. 

A princípio, as investigações apontam fortes indícios de que alguns dos documentos poderiam ter sido furtados de arquivos de instituições públicas mineiras, inclusive do acervo do Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte. 

(Divulgação / MPMG)

(Divulgação / MPMG)


De acordo com o MPMG, dentre o material apreendido também estão diversos documentos públicos referentes ao Período Pombalino (1750-1780), os quais apresentam vestígios de cola e linhas de costura, indicando que podem ter sido arrancados de encadernações oficiais. Muitos desses documentos foram impressos em papel trapo, típico do período colonial, com marca d´água e com o padrão dos documentos da Oficina Régia Tipográfica.

Foram identificados regimentos impressos com ordens e regulamentações da coroa portuguesa e endereçados às  autoridades da colônia, principalmente governadores das capitanias.

Para o promotor de Justiça Marcelo Azevedo Maffra, coordenador da CPPC, a apreensão é uma das mais importantes de todos os tempos para o patrimônio arquivístico brasileiro, seja pela quantidade ou pela relevância do material apreendido. “São documentos de valor permanente e de elevado interesse social, que deveriam estar disponíveis em arquivos públicos para a livre consulta de quaisquer interessados”, destacou o promotor.

Ainda na casa do investigado, em Brasília, os agentes do MPMG fizeram triagem, catalogação e embalagem dos documentos antes de apreendê-los e transportá-los para a sede do Ministério Público em Minas.  

Segundo o órgão, o material apreendido durante a operação será periciado e, comprovada a autenticidade e identificada a origem, serão devolvidos aos arquivos e instituições. O número exato e a origem dos documentos ainda não foram oficialmente divulgados, já que as investigações estão em andamento.

O negociante não foi preso ainda mas poderá ser denunciado no fim das investigações,  sujeitando-se à responsabilidade penal, civil e administrativa. Do ponto de vista penal, ele pode ser indiciado pelos crimes de receptação qualificada e deterioração de bem cultural especialmente protegido. 

A operação “Devolva-me” teve o apoio do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e das polícias militares de Minas e DF.

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