Recursos Naturais

Ouro Preto está em processo de 'degradação' do meio ambiente, aponta pesquisa da Ufop

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
10/06/2022 às 18:50.
Atualizado em 10/06/2022 às 18:55

A região de Ouro Preto, no Centro de Minas, está em "claro processo de degradação biofísica". A análise é de estudo feito pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), que foi divulgado nessa quinta-feira (9).

Segundo os pesquisadores, as "futuras gerações terão menos recursos naturais à disposição, o que poderá dificultar ainda mais a busca por qualidade de vida".

Entre os problemas apontados estão o aumento populacional e a expansão das áreas urbanas e das atividades produtivas e industriais, sem o devido controle. Isso prejudica a fauna e a flora nativas, além da reduzir os recursos hídricos.

Outro impacto citado pela Ufop é o aumento do risco geológico na região. Vale lembrar que em janeiro deste ano, Ouro Preto registrou um deslizamento de terra que destruiu um casarão tombado do século XIX, na Praça da Estação.

O levantamento recomenda que o município "tome rédeas do próprio destino e planeje o uso e a ocupação do território de maneira mais inteligente".

Melhorias socioeconômicas 
Ainda conforme os pesquisadores, os dados sugerem que há melhorias de indicadores socioeconômicos da cidade, mas também uma estagnação. "Ouro Preto aparenta passar por um processo de troca entre qualidade ambiental e ganhos de infraestrutura e de melhorias pontuais socioeconômicas", afirma o estudo.

Apesar disso, não está claro se essa mudança se reflete no bem-estar da população. "As administrações públicas, empresas e cidadãos não têm sido capazes de ocupar, gerir e planejar o território ouro-pretano de maneira sustentável", dizem os pesquisadores.

Veja conclusões do estudo:

  • Entre 1985 e 2020, o território ouro-pretano perdeu cerca de 3.189 hectares de florestas (área equivalente a cerca de 80% de todo o distrito de Lavras Novas)
  • O conjunto de áreas urbanas, silvicultura (cultivo de árvores) e mineração no território ouro-pretano expandiu de 2.812 hectares em 1985 para 9,8 mil em 2020
  • Análises longitudinais das áreas urbanas revelaram avanços significativos sobre áreas protegidas e unidades de conservação
  • Zonas sensíveis do Plano Diretor do distrito sede não têm cumprido sua função de ordenar o território
  • O Índice de Desenvolvimento Humano do município subiu de 0,491 (baixo) em 1991 para 0,741 (alto) em 2010, seguindo tendência nacional
  • A mortalidade infantil caiu de 27,28 óbitos por mil nascidos vivos, em 2006, para 9,13 em 2010, também seguindo tendência nacional
  • Indicadores econômicos (como salário médio mensal) sugerem haver estagnação econômica na última década, bem como desproporcionalidade entre os atuais investimentos socioambientais e as demandas territoriais
  • Dados preliminares indicam que as unidades de conservação de proteção integral, APPs e reservas legais podem cobrir cerca de 30% do território municipal em 2022

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Ouro Preto sobre os pontos levantados pelo estudo e aguarda retorno.

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