ESPERANÇA

Pandemia vai acabar em 2023? Veja o que dizem autoridades e infectologistas

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
02/01/2023 às 07:00.
Atualizado em 04/01/2023 às 09:45
 (Rovena Rosa/Agência Brasil)

(Rovena Rosa/Agência Brasil)

Quase três anos após o surgimento da Covid, 2023 começa com a esperança de que o fim da pandemia seja decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) diante do avanço da vacinação e desaceleração dos casos e internações. No entanto, autoridades e infectologistas ainda divergem sobre os novos rumos da doença.

Para o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, a pandemia do coronavírus pode ser encerrada já no primeiro semestre de 2023. Segundo ele, a expectativa é que a OMS decrete a situação após o inverno na Europa e nos Estados Unidos, a partir de março.

“A OMS deve sim considerar uma doença não pandêmica e sim uma de preocupação, não como uma de emergência de saúde no mundo. É questão de tempo”, explica. No entanto, ele afirma que isso não significa que o vírus irá desaparecer.

“O importante é que hoje o convívio com a doença é muito mais tranquilo, a proporcionalidade de internações e óbito é muito pequena. A importância de termos a pandemia declarada é a população entender que temos uma vacina importante”, afirma.

Impossível
Opinião diferente tem o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Unaí Tupinambás. O médico afirma ser “impossível” prever o fim da pandemia tendo em vista a imprevisibilidade da doença. Ele cita o exemplo da China que, apesar do grande número de doses de vacina aplicadas, vive uma explosão de casos nos últimos dias.

“Um país que tem mais de 3,4 bilhões de doses distribuídas passando por um uma nova onda que está impactando o sistema de saúde. Claro que o cenário hoje é completamente diferente, a gente tem as vacinas que nos protegem contra as formas graves e nós temos medicamentos. O cenário é diferente do enfrentamento. No entanto, não acredito que a gente vai ficar livre dessa pandemia em pouco tempo”, opina. 

Já o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano, aponta que o surgimento das variantes possibilita a ocorrência de novas “crises”, como a vivida no Brasil atualmente devido a chegada da cepa BQ.1 da Ômicron, o que torna difícil o fim da situação de emergência. 

“O fim da pandemia acho pouco provável exatamente pela circulação de novas variantes, que tem acontecido com frequência. Podemos ter um cenário parecido com o desse ano ou até pior. Essa pandemia tem que ser tratada dia a dia. Nós não temos como fazer previsões de futurologia porque esse vírus tem nos surpreendido a cada minuto”, aponta. 

O infectologista Carlos Starling, que integrou o extinto Comitê de Enfrentamento à Covid da prefeitura de BH, endossa o coro e afirma que a pandemia como essa não acaba por decreto. Ele reforça que a população deve se acostumar com as ‘idas e vindas” da doença acarretadas pelas novas variantes. 

“Muito pouco provável. O fim do estado de emergência decretado pelo atual governo no princípio deste ano foi mais um erro com consequências sérias. Ainda temos enormes desafios pela frente. O SARS-COV- 2 não veio para passear, mas para morar conosco. Temos que nos acostumar com as idas e vindas de novas ondas de infecções provocadas por diferentes variantes virais”, alerta.

O que diz a OMS?
Em 14 de dezembro, em Genebra, na Suíça, o diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, anunciou que o comitê de especialistas da entidade irá se reunir em janeiro para determinar quais serão os critérios que serão usados para definir como declarar o fim da emergência internacional. “Esperamos que o fim da emergência seja declarado em 2023”, disse Tedros.

O alerta de pandemia foi emitido pela OMS no final de janeiro de 2020, transformando o planeta nos anos seguintes e obrigando governos a adotar medidas de controle. O fim da declaração, previsto para o próximo ano, significaria que a covid-19 não seria mais uma ameaça internacional.

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