Desde que foi anunciada a revitalização da avenida Afonso Pena, em agosto de 2022, um dos temas mais polêmicos é a construção de uma ciclovia. A instalação da pista exclusiva para as bicicletas tem sido alvo de reclamações constantes de motoristas, motociclistas, comerciantes e moradores. No entanto, para o prefeito da capital, Fuad Noman (PSD), as críticas estariam restritas a moradores do Mangabeiras. 

"A gente sabe que o pessoal que mora lá no Mangabeiras não está gostando muito. A gente entende, respeita. Mas estamos prontos a acatar a decisão da Justiça", comentou o prefeito nesta quinta-feira (3), um dia após uma ação civil pública pedir a suspensão imediata das obras no trecho, que liga a praças da Bandeira, na região Centro-Sul, à Rio Branco, no hipercentro, conhecida popularmente como Praça da Rodoviária.   

Nesta terça-feira (4), Fuad Noman concedeu coletiva para detalhar o investimento de R$ 3 bilhões em 120 obras na capital, dentre elas, a do trecho citado na Afonso Pena. O prefeito negou que a construção da ciclovia seja feita sem licenciamento urbanístico prévio, conforme consta na ação do MP. 

Após as falas do chefe do Executivo, quem mora na região reagiu. "Não é só uma reclamação do Mangabeiras, mas do Anchieta, do Cruzeiro, do Serra, de pessoas que frequentam o Hospital Oncológico. O volume de carros em BH cresceu, mas a cidade não se adaptou. E a partir do momento que se encurta as vias, o caos está instalado. O relevo de BH não é propício", ponderou Leonardo Magalhães, presidente da Associação de Moradores do bairro Mangabeiras.

Magalhães diz que os moradores são a favor de ciclovias na cidade, mas em "locais propícios". Para ele, a obra é um desperdício. "Nosso sentimento é que o dinheiro está sendo jogado fora para cumprir agenda", afirmou o presidente da associação de moradores.  

Ele comentou, também, a respeito de reuniões que foram realizadas com representantes da prefeitura a respeito da ciclovia, que justificaram a necessidade da obra em uma das principais avenidas de BH.

"Disseram que foi estudo que 600 bicicletas transitam na avenida. Não conseguimos confirmar isso. Até porque, quem vai ficar andando de bicicleta na Afonso Pena? É uma subida. Está trazendo estresse e atraso para quem circula por lá", reclamou Leonardo Magalhães, que exemplificou com um fato do próprio cotidiano.

"Desde que a obra começou, minha funcionária chega na casa dela às 21h30. Antes, chegava às 19h30. Não está afetando só o morador do Mangabeiras, mas quem vai para o bairro ou para a região. É uma obra cara que não vai trazer benefício nenhum para a região". 

Polêmica

O Hoje em Dia também conversou com pessoas que estavam na avenida Afonso Pena nesta quinta-feira a respeito da obra. E encontrou opiniões contra e a favor.

O motorista de aplicativo Simon Tadeu, de 38 anos, por exemplo, não gosta da ideia. "Acho bem vago o que estão tentando fazer, ainda mais porque vai atrapalhar muito o trânsito e o meio ambiente", reclamou. 

Já a produtora de vídeo Gilsa Santos, de 59 anos, é a favor. "Sobre o trânsito na Afonso Pena, estou satisfeita com as obras, espero um resultado benéfico para a população. Afinal, toda obra é bem-vinda", salientou.

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