Parques de BH terão 'Big Brother' contra vandalismo

Simon Nascimento
14/02/2019 às 20:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:33
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Parques de Belo Horizonte serão monitorados 24 horas por dia com câmeras de segurança. Trezentos equipamentos irão auxiliar no combate ao vandalismo e tráfico de drogas nas 54 áreas verdes da capital abertas à visitação. A expectativa é a de que as imagens sejam transmitidas em tempo real até o fim deste ano. O gasto com a nova vigilância não foi informado.

O sistema irá funcionar no Centro de Integrado de Operações (COP-BH) e será inspecionado por agentes da Guarda Municipal. O aparato acompanha um pacote de ações que entrará em vigor a partir de março nas 252 unidades de saúde da metrópole, conforme o Hoje em Dia mostrou em novembro de 2018. Os postos de saúde também receberam videomonitoramento.Flávio TavaresPichação é um dos principais problemas enfrentados, como no Guilherme Lage

Condições

Desde 2017, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica monitora as condições dos espaços de lazer da cidade. O último diagnóstico elaborado constatou que 70% não oferecem boa estrutura à população. O alto índice de reprovação está relacionado, principalmente, aos estragos provocados por infratores e até ao uso e venda ilegal de entorpecentes.

“Temos problemas diversos, como roubo de fiação elétrica e de equipamentos hidráulicos, pichações e depredação dos banheiros e brinquedos. Essas ações nos consomem muita energia e mais recursos para executar a manutenção”, afirma o presidente da fundação, Sérgio Augusto Domingues. Apesar de não indicar quais parques estão em situação mais crítica, o gestor disse que a preocupação é maior na região Nordeste. 

Segundo Domingues, o número de câmeras destinadas em cada área verde ainda será definido. Entretanto, a extensão e a média de visitantes serão critérios adotados na escolha. “As câmeras serão instaladas em pontos estratégicos. A intenção é que, com o monitoramento, possamos criar intervenções e ações com mais agilidade para coibir os crimes e buscar punição aos responsáveis”.

De acordo com a Empresa de Informática e Informação (Prodabel), já houve a escolha de quem vai instalar o sistema. O processo está em andamento e entra agora na fase de levantamento dos equipamentos e ferramentas necessárias, além do registro de preço. O prazo para essas definições termina em junho.

Outra dificuldade percebida nas áreas de lazer da capital é a precária acessibilidade. A Fundação de Parques diz que estão sendo feitos estudos para verificar possíveis intervençõesFlávio Tavares / N/ANo parque Fernão Dias, parte da cerca do campo de futebol foi arrancada; espaço também convive com depredações nos banheiros e nos muros

Medo

Em meio à tentativa de melhorar as condições dos parques, usuários lamentam as atuais estruturas oferecidas. O Hoje em Dia esteve em três espaços da região Nordeste, considerada a que abriga áreas verdes com mais problemas. Foi constatado bom estado de conservação dos jardins e cercas, além da capina em dia. No entanto, banheiros estavam depredados e havia pichações em vários pontos. Quem frequenta os locais denuncia que o uso de drogas é frequente. 

No parque Fernão Dias, no bairro de mesmo nome, a auxiliar de cozinha Rosana Fernandes, de 60 anos, reclama das pichações e portas e vidros quebrados nos sanitários. “Faço exercício físico três vezes por semana aqui. Mas apenas no período da manhã. Do meio da tarde em diante só tem gente usando droga”.

As imagens captadas pelas novas câmeras serão transmitidas em tempo real no Centro de Integrado de Operações (COP-BH)

O medo também é constante no Professor Guilherme Lage, no bairro São Paulo. “O parque está bem cuidado, bonito. Mas, ultimamente, está perigoso até usar celular porque já vi gente sendo roubada”, diz o eletricista José Jacinto Soares, de 52.

Nesta semana, funcionários da prefeitura instalaram cercas na unidade e um portão para fechar o acesso ao prédio da administração. “Já coloco sabendo que vão quebrar”, disse um dos operários. O mesmo problema foi constatado no parque Jardim Belmonte. Recém reformado pela fundação, os banheiros e o prédio de apoio da Academia da Cidade estão intactos. Entretanto, a antiga sede aguarda por uma reforma. “Aqui tem usuário de droga o dia inteiro. Segunda-feira um desses roubou uma ferramenta que eu usava. Foi um prejuízo de R$ 300”, contou um funcionário da capina.Flávio TavaresJosé Jacinto Soares, eletricista

Não é única opção

O videomonitoramento é uma boa saída para diminuir a criminalidade nos parques, mas não a única. A afirmação é do especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori. “Sozinho não resolve. As câmeras são comprovadamente importantes, porém, é necessário que a Guarda Municipal esteja presente com patrulhamento ostensivo”, defende o professor do programa de doutorado e mestrado em Ciências Sociais da PUC Minas.

Manter a capina em dia, os pátios conservados e uma boa iluminação também são fatores positivos no combate aos crimes, avalia Sapori. “Quanto mais abandonado, maior a probabilidade da delinquência crescer”. 

A Fundação de Parques informou ter investido R$ 250 mil na compra de ferramentas para a limpeza das áreas e manejo dos jardins.

A BHIP, empresa responsável por dar manutenção no sistema de iluminação da cidade e trocar as lâmpadas antigas por LED, não informou quais parques já passaram pelas melhorias. O consórcio, no entanto, disse que as regionais Venda Nova, Norte, Barreiro e Nordeste foram contempladas.

A Guarda Municipal garantiu que 60 agentes atuam no patrulhamento alternado e com base fixa em algumas unidades, como é o caso dos parques Mangabeiras e Municipal. Já a Polícia Militar informou que realiza vigilância no entorno das áreas verdes e, caso receba alguma denúncia, vai até o local para adotar medidas, como a prisão em flagrante de suspeitos.

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