Ônibus lotado, com passageiros espremidos. Assim os usuários do transporte coletivo classificaram a situação dos veículos no primeiro dia do avanço na flexibilização em Belo Horizonte. Nesta quinta-feira (6), a metrópole reabriu parte do comércio, que estava fechado devido à pandemia de Covid-19. A circulação de pessoas aumentou na área central.
Ao anunciar a retomada de algumas atividades econômicas, a prefeitura garantiu que as empresas de ônibus iriam se adaptar à nova demanda. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH) informou que, nos dias de funcionamento das lojas e shoppings, vai ampliar as viagens em 15%.
Para quem depende do transporte coletivo, no entanto, o reforço parece não ter sido suficiente. A aposentada Maria da Conceição Bernardes, de 78 anos, disse ter ficado surpresa com a lotação dos coletivos. “Tinha gente quase que em cima do motorista, de tão cheio que estava”.

“Tinha gente quase que em cima do motorista, de tão cheio que estava”, disse Maria da Conceição
Nesta manhã, a idosa saiu de Santa Luzia, na Grande BH, para ir a consultas médicas nos bairros São Gabriel e Barro Preto. Ela achou que o movimento seria menor. “Não estava saindo de casa, mas hoje precisei”, disse.
Três vezes por semana, a faxineira Rosa Rodrigues dos Santos, de 38 anos, utiliza o transporte público. Ela garante que o movimento foi mais intenso nesta quinta. “Hoje estava bem mais cheio. Tinha muita gente em pé, o que não estava acontecendo nos dias anteriores”, observou.
Por lei, os coletivos convencionais só podem circular com até dez passageiros em pé. Nos carros articulados do Move, o número sobe para 20 e, nos micro-ônibus, são permitidos até cinco usuários sem assento.
“Tinha muita gente em pé, o que não estava acontecendo nos dias anteriores”, afirmou Rosa Rodrigues
Ajuste
O SetraBH informou que está ajustando as viagens conforme a demanda. Nesta quinta e sexta-feira (7), vai analisar o movimento de passageiros para adequar a circulação dos ônibus na próxima semana.
“Em conjunto com a BHTrans, a entidade estruturou o sistema para realizar, se necessário, adequações ao longo de todo o dia, já que as atividades que vão reabrir nessa fase 1, irão funcionar fora do horário de pico”, esclareceu.
O sindicato ainda destacou que ônibus reservas estarão à disposição nas estações de integração BHBUS (Pampulha, Venda Nova, Vilarinho, São Gabriel, Diamante e Barreiro) prontos para realizar viagens extras.
Procurado, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER) informou que já realizou 531 operações, com 18.858 veículos monitorados e foram aplicados 5.229 autos de infrações por descumprimento de horários e excesso de passageiros nos veículos. Leia a nota na íntegra abaixo:
O DER-MG realiza a fiscalização das linhas metropolitanas, em conjunto com os órgãos de Segurança Pública,no que tange ao disposto no Art. 7º da Deliberação do Comitê Extraordinário Covid-19 nº 34, que estabelece que a lotação não excederá à capacidade de passageiros sentados nos veículos não articulados. Nos veículos articulados é permitido o transporte de passageiros em pé.
Desde o início da pandemia, a equipe de Fiscalização realizou 531 operações, com 18.858 veículos monitorados e foram aplicados 5.229 autos de infrações por descumprimento de horários e excesso de passageiros nos veículos.
A Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) informa que monitora, diariamente, a operação do Sistema de Transporte Metropolitano. As empresas foram oficiadas para adequar as viagens nesta quinta e sexta-feira (6 e 7/8), a fim de cumprir o determinado. Está sendo estudada, para os próximos dias, uma possível readequação do quadro de horários em caso de prorrogação da flexibilização em Belo Horizonte.
A colaboração e educação do usuário é fundamental, principalmente no sentido de não entrar e não forçar a entrada em veículos que já estejam com a lotação estipulada e de manter a distância segura nas estações e terminais, para conter a COVID-19.
Em umas estações de transferência, no Centro da capital, a higienização era realizada
Perigo
O fluxo diário de pessoas torna o transporte público uma das principais preocupações dos médicos e especialistas no enfrentamento à pandemia de Covid-19. Professor da UFMG e integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, Unaí Tupinambás aconselha que, em caso de ônibus cheio, o passageiro aguarde por outro veículo. O infectologista orienta a quem precisa sair de casa que, se possível, procure horários alternativos para fugir de aglomerações durante o pico.
Além do uso da máscara, ele reforça que o passageiro não deve conversar nos ônibus para diminuir o risco de contágio. A higienização correta e frequente das mãos, com água e sabão ou álcool em gel, também é fundamental.