Passageiros reclamam que, mesmo após flexibilizações, faltam ônibus e linhas seguem lotadas em BH

Lucas Sanches
@sanches_07
20/09/2021 às 07:44.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:54
 (Fernando Michel/Hoje em Dia)

(Fernando Michel/Hoje em Dia)

Passageiros que dependem do transporte público em Belo Horizonte reclamam que a oferta de ônibus não tem acompanhado a retomada das atividades econômicas. Apesar das flexibilizações – cada vez mais frequentes desde o fim do 1° semestre, com o avanço da vacinação contra a Covid –, os usuários ainda são obrigados a se arriscar com aglomerações dentro dos veículos e longas esperas no ponto.

Não bastasse a lotação, confirmada pela reportagem nos horários de pico na semana passada, o forte calor dos últimos dias aumenta ainda mais o sofrimento. Em meio às críticas das de quem precisa do serviço, a BHTrans garante que o número de passageiros transportados caiu e ainda segue abaixo da demanda verificada antes da pandemia.

Porém, essa não é a percepção nas ruas da capital. A faxineira Sheila Oliveira, de 30 anos, afirma que os ônibus estão em falta. “Especialmente no horário de pico, está muito mais difícil ir para casa. Quando passa, o que já é raridade, está tão cheio que mal conseguimos entrar”, conta. 

A jovem vai ao Centro de BH para trabalhar em dias alternados, saindo do bairro Paraíso, na região Leste. Ela também falou sobre o mal-estar com as altas temperaturas e o medo de contrair o coronavírus, devido à quebra dos protocolos sanitários por parte de alguns usuários. 
“Tem ainda o calor, que está insuportável, nem sempre o ar-condicionado está ligado. Muitos também não usam máscara, e raramente vejo álcool em gel, o que já me deixa muito incomodada”.

Para o artesão Maurício Guedes, de 57 anos, as dificuldades são ainda maiores. Cadeirante, ele precisa se deslocar diariamente do bairro São Cristóvão, na região Oeste, até o centro da capital. Segundo ele, o tempo gasto no deslocamento, que antes era feito em 20 minutos, dobrou.
“Todos os dias o ônibus está lotado, parece uma lei. Às vezes, demoro até 40 minutos para chegar ao trabalho, e ainda encontro alguns motoristas que não sabem usar o elevador. Nesse caso, a demora é ainda maior”, desabafa.

Doutor em segurança no trânsito, David Duarte afirma que os problemas começam antes mesmo do embarque dos passageiros. “O ponto de ônibus já é mal conservado. Quando a pessoa entra no ônibus, não tem conforto, pontualidade, economia e os perigos continuam. Com isso, a escolha pelo transporte público é cada vez menor, e o número de carros nas ruas volta a crescer”, explica.

Fiscalização 

Segundo a BHTrans, antes da pandemia, 24,7 mil viagens eram feitas por dia, transportando mais de 1,2 milhões de pessoas. Conforme a empresa, nos últimos meses a demanda não chega a 70%. A autarquia disse que inspeciona a manutenção dos equipamentos, como o ar-condicionado.

Sobre o descumprimento das regras sanitárias, mais de 55 mil multas foram aplicadas. Porém, como ainda estão “pendentes de julgamento”, nada foi pago. 

De acordo com o Consórcio Operacional do Transporte Coletivo de Passageiros por Ônibus de BH (Transfácil), todos os condutores são treinados para usar o elevador de acesso. 

Em relação às demais críticas, afirma que todos os veículos são vistoriados antes da liberação para as ruas. Os coletivos com problemas são recolhidos. Passageiros podem fazer reclamações pelo telefone (31) 3248-7300.

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