
Apesar de ter anunciado uma ação mais incisiva no combate ao mosquito Aedes aegypti, a partir da abertura “forçada” de imóveis abandonados, a Prefeitura de Belo Horizonte não tem como agir. O levantamento que deveria apontar os endereços dessas residências não está concluído. Hoje, apenas uma casa será vistoriada como forma de demonstração à imprensa.
Segundo a Defesa Civil, os dados são compilados nas regionais. Os imóveis abandonados e fechados são uma perigosa fonte de disseminação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Neste ano, foram confirmados 2.383 casos de dengue, e 9.403 estão em investigação. A capital está em situação de emergência há quase dois meses.
Forças armadas
Mesmo com 400 militares do Exército e da Aeronáutica disponíveis para o combate ao mosquito, o reforço não será utilizado para abertura de imóveis abandonados ou com proprietários ausentes. De acordo com o tenente-coronel Júlio Cesar Alves Rolszt, as Forças Armadas irão apoiar as ações apenas em residências cujo donos estejam presentes e autorizarem a entrada.
Os imóveis que terão entrada forçada serão abertos por um chaveiro e equipes da Defesa Civil e Zoonoses.
Para a aposentada Rose, a presença de soldados das Forças Armadas nas vistorias das residências garantem um acesso mais tranquilo (Foto: Eugênio Moraes/Hoje em Dia)
Criadouro
Da janela do apartamento da enfermeira Júnia Barbosa de Rezende, no Carlos Prates, região Noroeste, é possível ver uma propriedade vizinha, na rua Vila Rica, utilizada como depósito de para-choques. Segundo ela, a quantidade de mosquitos aumentou após o descarte dos materiais no local.
“A gente está correndo muito risco. Eles precisam olhar isso o mais rápido possível”, afirmou. Nesta terça, equipes com dois ou três militares, do Exército e da Aeronáutica, sempre acompanhados por um agente de saúde, vistoriaram imóveis, em 13 bairros. Essa foi a primeira vez que eles entraram em residências para orientar moradores.
Para apoiar as vistorias, os militares passaram por um treinamento com especialista da prefeitura.
Para a aposentada Rose Davi, de 54 anos, o apoio das Forças Armadas é positivo. “Às vezes, o agente não é muito respeitado. Tem pessoas que não abrem a casa. A presença do militar dá mais moral”, disse Rose, que teve a residência, no bairro Carlos Prates, na região Noroeste, vistoriada ontem por três militares e um agente de saúde.