História recuperada

Peça de Aleijadinho retorna para Minas; obra fará parte de conjunto arquitetônico em Matozinhos

Clara Mariz*
@clara_mariz
03/02/2022 às 19:16.
Atualizado em 03/02/2022 às 20:22
Obra fazia parte da Capela de Nossa Senhora da Conceição, em Matozinhos, na Grande BH (Reprodução / MPMG)

Obra fazia parte da Capela de Nossa Senhora da Conceição, em Matozinhos, na Grande BH (Reprodução / MPMG)

Uma peça sacra atribuída a Antônio Francisco Lisboa, o Mestre Aleijadinho, retornou para Minas Gerais nesta quinta-feira (3). A obra denominada “Cabeça de Anjo de Fita Falante” estava sob os cuidados da ex-diretora do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Beatriz Camargo Pimenta. E foi doada ao Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Fazenda da Jaguara, em Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

De acordo com a pesquisa feita pela equipe técnica do Ministério Público de Minas, a peça fazia parte da Capela de Nossa Senhora da Conceição na Fazenda da Jaguara, e foi feita no século XVIII, durante a construção do templo religioso. A conclusão sobre a origem da peça sacra foi possível graças à existência da inscrição “Feito a Custa de Antonio de Abreu Guimarains”, o responsável pela obra da capela. 

A “Cabeça de Anjo” fica em cima de rocalhas - um estilo decorativo desenvolvido da França, característico pelo uso de volume e linhas estilizadas imitando rochas, grutas ou conchas -  e uma fita falante - nome dado à representação de uma fita que contém um texto. Possui aproximadamente 78 centímetros de altura e 1,70 metro de largura. 

Conforme estudos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) as obras de talha do templo são atribuídas ao maior mestre do barroco mineiro, Aleijadinho. Além disso, é consenso entre os pesquisadores que trabalharam na tentativa de reconstruir a trajetória da vida profissional do mestre escultor, que, por volta de 1783, trabalhou na Fazenda da Jaguara. 

Estadia 

A capela para onde foi entalhada a peça sacra foi desativada na primeira metade do século XX, pelo então proprietário da fazenda, sob a alegação de que estava em ruínas. Os adornos sacros foram sendo desmontados e o templo e acabou perdendo o caráter religioso, o que, segundo o Ministério Público do Estado, contribuiu para a deterioração da estrutura. Por isso, até que seu local de origem seja restaurado, a “Cabeça de Anjo de Fita Falante” estará exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, na região Central de Minas. 

(*) Com Ministério Público de Minas Gerais

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