Muito utilizada na fermentação de pães e cerveja, a fibra beta-glucano, proveniente da parede celular da levedura Saccharomyce – uma espécie de fungo –, é objeto de estudo na Universidade Federal de Lavras (Ufla) para controle da diabetes.
Os cientistas observaram que, com a ingestão da fibra por animais diabéticos, vários parâmetros metabólicos e inflamatórios se otimizaram, devido ao potencial de melhora da resposta imunológica.
Nos testes, 40 ratos foram divididos aleatoriamente em grupos semelhantes – para evitar diferença de peso. Os pesquisadores induziram o diabetes tipo 1 nos animais.
Os roedores com diagnóstico da doença receberam a administração de beta-glucano em pó durante 28 dias. Estudos sanguíneos e dos tecidos permitiram avaliação dos efeitos imunológicos e metabólicos da substância, comprovando que a fibra pode auxiliar no tratamento da enfermidade.
Segundo os pesquisadores, já existem estudos prévios da Ufla mostrando que o beta-glucano auxilia o metabolismo na obesidade e na diabetes tipo 2, que é a mais comum na população
“O efeito do beta-glucano variou conforme a dose. Nas dosagens investigadas não encontramos efeitos tóxicos. Mesmo na aplicação de doses baixas, de 10 miligramas por quilo, já encontramos efeitos benéficos ao metabolismo e sistema imunológico”, afirmou o coordenador da pesquisa e professor do setor de Bioquímica, Fisiologia e Farmacologia da Ufla, Luciano José Pereira.
Há dez anos, ele estuda o beta-glucano. Mas ainda são necessárias mais informações sobre os efeitos no organismo.
“Buscamos investigar se o aumento da dose poderia causar melhor efeito sem causar eventos adversos significativos. Dependendo do agente terapêutico, ao aumentarmos a dosagem, podemos gerar efeitos tóxicos”, acrescentou.
A pesquisa durou cerca de dois anos. O próximo passo é o estudo em humanos. Os trabalhos, no entanto, foram adiados devido à pandemia. Nesta fase, a ideia é que os voluntários possam ingerir duas cápsulas de 200 miligramas de beta-glucano por dia.
Diabetes mellitus tipo 1
No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, são mais de 13 milhões de pessoas com a doença. [/TEXTO]
No mellitus tipo 1, o pâncreas não produz insulina. No tipo 2, o corpo não absorve a insulina de forma adequada.
(*) Especial para o Hoje em Dia