PF deflagra nova fase da 'Lava Jato' em BH e em outras 14 cidades

Anderson Rocha
31/07/2019 às 09:26.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:47
 (Reprodução/Instagram )

(Reprodução/Instagram )

Com o objetivo de apurar propinas disfarçadas de doações eleitorais, que somariam cerca de R$ 120 milhões, 120 agentes da Polícia Federal cumprem, na manhã desta quarta-feira (31), um mandado de prisão preventiva, cinco de prisão temporária e outros 33 de busca e apreensão em Belo Horizonte e em outras 14 cidades brasileiras. Além disso, foi determinado o bloqueio de ativos financeiros dos investigados.

A capital mineira é um dos alvos da 62ª fase da operação 'Lava Jato', denominada Rock City, que é feita em cooperação com o Ministério Público Federal e a Receita Federal. De acordo com a PF, empresas do Grupo Petrópolis, do segmento de bebidas, teriam mascarado o pagamento de propinas como se fossem doações para campanhas eleitorais. 

Segundo a PF, o conglomerado investigado teria ajudado a empreiteira Odebrecht a fazer a operação ilícita conhecida como 'dólar-cabo' - quando ocorre a troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.

A ação ocorre também em São Paulo (Boituva, Fernandópolis, Itu, Vinhedo, Piracicaba, Jacareí, Porto Feliz, Santa Fé do Sul, Santana do Parnaíba e São Paulo), Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul (Cassilândia) e Rio de Janeiro (Petrópolis e Duque de Caxias). Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná. 

O esquema 

A suspeita é que offshores relacionadas à empreiteira realizavam transferências de valores para offshores do grupo investigado, o qual disponibilizava dinheiro em espécie no Brasil para realização de doações eleitorais. Uma offshore é uma empresa ou conta bancária aberta em territórios onde há menor tributação. 

Ainda segundo a polícia, um dos executivos da Odebrecht  afirmou, em colaboração premiada, que utilizou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014. A ação resultou em dívida de R$ 120 milhões não contabilizada pela empreiteira com o grupo investigado. Em troca, a companhia investia em negócios do Grupo Petrópolis.

Conforme a investigação, os fatos nesta fase estão relacionados às atividades do setor de operações estruturadas da empreiteira, responsável por viabilizar os pagamentos ilícitos do grupo, de forma profissional e sofisticada, e, assim, evitar o rastreamento dos valores e a descoberta dos crimes.

Os valores ilícitos movimentados teriam sido destinados a pagamento de propina a funcionários públicos da Petrobras e da administração pública brasileira e estrangeira. Por fim, a polícia também apura o crime de lavagem de dinheiro. Os investigados tiveram os ativos financeiros bloqueados.

Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná, onde serão interrogados.

Outro lado 

Em nota, a Odebrecht afirmou que tem colaborado com as autoridades, em busca do pleno esclarecimento de fatos narrados por ex-executivos da empresa. Leia na íntegra: 

"A Odebrecht tem colaborado de forma permanente e eficaz com as autoridades, em busca do pleno esclarecimento de fatos narrados por ex-executivos da empresa. São fatos do passado. Hoje, a Odebrecht usa as mais recomendadas normas de conformidade em seus processos internos e segue comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente."

O Grupo Petrópolis também se posicionou por meio de nota. Leia: 

"O Grupo Petrópolis informa que seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes. Informa também que sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos".

A reportagem também procurou a Petrobras. A empresa informou, por telefone, que não está irá se posicionar.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por