Depois de sobrevoar o rio Doce, o governador Fernando Pimentel (PT) visitou Governador Valadares, Leste do Estado, no final da manhã desta quarta-feira (11), onde definiu a situação como trágica e de calamidade pública. Ele disse que vem cobrando empenho da mineradora e que, em reunião nesta quarta (11) com a direção mundial da empresa, vai exigir ações ainda mais firmes.

“A empresa Samarco, que é a responsável pela tragédia e, mais do que isso, a responsável por toda a compensação pra isso, e está sendo mobilizada. Hoje à tarde vou me reunir com a direção mundial da empresa em Belo Horizonte e fazer valer essa observação: eles têm que estender mais os esfoços para atender a região afetada”, avisou.

Porém, questionado sobre as providências que o governo vai tomar contra a Samarco, Pimentel disse que o Estado já fez o que poderia ser feito. “O governo não penaliza ninguém. Quem penaliza é o Judiciário. O governo trata das providências de defesa civil, e isso já fizemos. Nós também embargamos as atividades da Samarco, e essa é uma medida administrativa necessária que já foi tomada. Mais do que isso só o Judiciário”, disse Pimentel, enfatizando que a prioridade agora é garantir o abastecimento emergencial de água para as cidades atingidas. Valadares é a maior e seria a mais prejudicada.

"O Ministério Público entrou com uma medida cautelar, obteve liminar nesta manhã (11) e ela cobre todo o plano inicial de emergência de Valadares. Estamos tomando todas as providências", concluiu o petista.

O governador vai se reunir também nesta quarta-feira (11) com representantes da ANA e ONS, em Belo Horizonte, para discutir os impactos da tragédia. Mas viu, durante o sobrevoo, que a turbidez da água está caindo com velocidade e, por isso, acredita que há esperança de que será possível voltar a captar água no rio Doce novamente.”Só não sabemos quando”, analisou.

Projeto
Questionado sobre o projeto enviado para a Almg que agilizaria as licenças ambientais para as mineradores, Pimentel disse que a intenção é reduzir a burocracia do licenciamento ambiental em Minas Gerais, mas de maneira geral. “Não é para reduzir exegências, mas os prazos”, enfatizou, dando como exemplo os casos de duas represas atingidas cujos projetos de revisão não tinham sido licenciados há dois anos, e que estavam parados na Secretaria de Meio Ambiente.

Pescador
O presidente da Associação dos Pescadores de Valadares, Rodolfo Zuslke, interrompeu a coletiva para dizer ao governador que só multar não traz benefícios para a natureza, porque dificilmente as multas são revertidas em ações de reparação. E cobrou providências para recuperar o rio. “Somos mais de 500 pescadores nessa região, mais de três mil subindo até chegar em Colatina (ES) e a partir de março do ano que vem, quando acabar a Piracema, não teremos mais rio e trabalho”.

O governador defendeu a revisão das normas ambientais em Minas. “Nós precisamos rever a legislação ambiental desse Estado. Ela é antiquada e não resolve os problemas, ela simplesmente impõe multas e penalidades e não faz o que é necessário que é exigir a reposição, projetos adequados, tecnicamente bem elaborados e com monitoramento. Justamente por isso estamos revendo a lei. Não queremos fiscal multando e reservatórios se rompendo porque não havia um planejamento e um projeto adequado".