Planejamento, aporte, parcerias: veja o que tem sido feito para ampliar ofertas de leitos em Minas

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
01/04/2020 às 16:11.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:09
 (©Marcello Casal jr/Agência Brasil)

(©Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Antes que haja um crescimento no número de infectados pela Covid-19 e aumente a demanda por internações, o Governo já se prepara para ampliar o número de leitos na rede hospitalar, especialmente de tratamento intensivo. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o SUS em Minas Gerais conta com 2.795 leitos de UTI que poderão ser utilizados para atendimento dos casos graves de infecção pelo novo coronavírus, mas também a pacientes com outras doenças. Entre julho e dezembro de 2019, a taxa de ocupação desses leitos foi de 83%.

A situação é mais complicada em unidades de saúde administradas pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). De acordo com a entidade, a quantidade atual de leitos de CTI não é suficiente e, por isso, deseenvolveu um plano para utilização escalonada da rede. 

“A Fhemig está se reorganizando, com muito esforço, para criar leitos emergenciais em resposta à pandemia, em especial de terapia intensiva”, informou a fundação, que tem 162 leitos de terapia intensiva em sua rede, sendo 72 deles no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, especializado em traumas e queimaduras.

No hospital Eduardo de Menezes, referência no atendimento a pacientes com doenças infectocontagiosas, são 20 leitos de UTI. A rede conta ainda com leitos de tratamento intensivo no Hospital Júlia Kubitschek (22), Hospital Regional de Barbacena (10), Hospital Regional Antônio Dias/ Patos de Minas (9), Hospital Regional João Penido/ Juiz de Fora (10), Hospital Alberto Cavalcanti (9) e Maternidade Odete Valadares (10).

Para conseguir atender aos pacientes com Covid-19, a Fhemig preparou um plano de ocupação de leitos para pacientes. No documento, fica estabelecido que o Hospital Eduardo de Menezes fará o atendimento durante a primeira onda, com toda capacidade de 140 leitos dedicada para a epidemia.

Para a segunda onda, é planejado o uso do hospital Julia Kubitschek, que possui 161 leitos. A área da maternidade ficaria destinada apenas para gestantes e parturientes com Covid-19. Para a terceira onda, estarão preparados o Hospital João XXIII (que tende a ter uma redução no atendimento a traumas durante a quarentena) e o Galba Velloso (com a transferência de pacientes psiquiátricos para outras unidades).

O relatório da Fhemig leva em conta dados do comportamento da Covid- 19 em outros países. Verificou-se que o tempo médio de permanência em CTI, pela doença, para pessoas entre 60 e 69 anos, é de 15 dias e para pessoas com idade acima de 70 anos é de 18 dias, ambas necessitando cuidados posteriores em enfermaria.

Aporte financeiro

Nesta quarta-feira (1º), o governador Romeu Zema visitou o Hospital da Baleia, onde cem leitos poderão ser reservados para atendimento a pacientes com o novo coronavírus. A instituição atende ao SUS, convênios e particulares.

Outra ação importante para a ampliação da oferta de leitos será a criação de um hospital excepcional no Expominas, que poderá atender a 800 pacientes – sendo que cem são relativos a tratamento intensivo.

No dia 26 de março, o Secretário de Estado de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, anunciou que a secretaria está enviando aporte financeiro de R$ 71 milhões para 141 hospitais do estado, que fazem parte da rede Prohosp.

Além disso, haverá um aporte excepcional de 25% do valor do Pró-Hosp Gestão Compartilhada para alguns hospitais da Região Metropolitana de Belo Horizonte e, como é esperado um aumento da demanda por consultas nas UPAS de todo o Estado, também haverá um aporte financeiro de R$ 61 milhões para auxiliar no financiamento dessas demandas. Haverá ainda um aporte para a Atenção Primária de R$ 32 milhões com o objetivo de auxiliar os municípios na prestação de serviços nas unidades básicas.

Belo Horizonte

Por ser a cidade mais populosa do Estado e a que concentra a maior parte dos casos confirmados de Covid-19 – 188 pacientes e duas mortes –, Belo Horizonte merece uma atenção especial. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a capital conta com 1.070 leitos de UTI, sendo 600 da rede SUS e 470 dos hospitais particulares.

De acordo com a pasta, já foi concluído o estudo dos leitos necessários para o enfrentamento da pandemia. “Atualmente, 160 leitos de enfermaria e 105 de UTI da rede SUS já foram destinados para o atendimento exclusivo de casos da Covid-19. A ampliação deste quantitativo ao longo dos próximos dias está programada, conforme prevê o Plano de Contingência Municipal”, diz a secretaria por nota.

A iniciativa privada se movimenta também para atender aos pacientes. A Rede Mater Dei  disponibilizou ao Governo do Estado de Minas Gerais quatro andares de Internação do Mater Dei Betim-Contagem para assistência a pacientes confirmados para Covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para colocar em prática essa iniciativa, a rede conta com a parceria da FIEMG e outras empresas mineiras que contribuirão na estruturação de até 242 leitos, sendo 180 de CTI e 62 de internação, que serão oferecidos nos andares da unidade que ainda não estão em operação.

A taxa de ocupação de leitos para tratamento intensivo foi de 83% no segundo semestre de 2019, mas a demanda por esse tipo de leito deve ter mudanças neste momento. Com o cancelamento das cirurgias eletivas e uma redução no número de traumas (durante a quarentena, espera-se uma queda no número de acidentes e crimes violentos), mais leitos devem ficar disponíveis para o atendimento a pacientes com o novo coronavírus.

"O mais importante agora é fazer uma regulação nos leitos de terapia intensiva, fazendo com que todos os hospitais possam atender pelo SUS os pacientes com Covid-19. Colocar todas as pessoas como iguais. Isso vai melhorar a oferta de leitos. Temos a sorte de ter um sistema de saúde que é para todos. Nos Estados Unidos, onde o sistema de saúde é diferente, 70 milhões de pessoas não têm planos de saúde", afirma o infectologista Dirceu Greco, que é professor da UFMG e  presidente da Sociedade Brasileira de Bioética. 

Brasil

O Ministério da Saúde informou que o país tem uma oferta de 55.101 leitos de terapia intensiva. Desse total, 27.445 são do SUS com taxa de ocupação média de 78%. Para que não haja um colapso no sistema de saúde em momento de pandemia, estão em processo de locação de 3 mil leitos de UTIS volantes de instalação rápida.

A pasta iniciou a distribuição de 540 leitos de UTI para os 26 estados e o Distrito Federal, sendo 50 deles para Minas Gerais. Primeiramente, foram atendidos os estados com mais casos confirmados da doença.

As UTIs volantes são de instalação rápida, sem a necessidade de grandes reformas estruturantes. Bastam apenas ajustes como a adequação elétrica e tubulação de gases. Cada kit de 10 leitos possui oito equipamentos, entre ventilador pulmonar microprocessado (respirador) até desfibrilador/cadioversor com tecnologia bifásica. O prazo para montagem é de sete a 10 dias.

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