Polícia pede prisões de acusados de montar “mensalão” do Minha Casa, Minha Vida em Ipatinga

Amália Goulart - Hoje em Dia
01/09/2014 às 07:23.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:01
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

A Polícia Civil pediu a prisão preventiva dos seis acusados de montar o esquema de “mensalão” do Minha Casa, Minha Vida em Ipatinga, no Vale do Aço. A representação foi entregue à Justiça, que decide se determina ou não a detenção dos suspeitos de envolvimento na cobrança de taxas mensais a possíveis beneficiários do programa, conforme revelou neste domingo, com exclusividade, o Hoje em Dia.

Além de ter que pagar taxa mensal que poderia chegar a R$ 15, os possíveis beneficiários do Minha Casa, Minha Vida ainda tinham que trabalhar gratuitamente nas campanhas eleitorais do vereador Saulo Manoel da Silveira (PT). Apontado pela Polícia Civil como líder do esquema, Silveira é fundador da Associação Habitacional de Ipatinga.

Assista ao vídeo:

Confira, a partir dos 3'03'', os elogios de Lula destinados ao vereador, que está sendo investigado pela Polícia Civil. O inquérito policial e o pedido de prisão dos seis indiciados têm como base depoimentos de beneficiários que acusam o vereador de trocar imóveis por votos. Integrantes de associações de bairros também confirmaram que o vereador se utiliza do programa com fins eleitorais.

“Que tem conhecimento de que o vereador Saulo Manoel sempre baseou suas campanhas eleitorais nas promessas de entrega dos imóveis se eleito fosse; Que sabe dizer que na última eleição, em 2012, Saulo Manoel chegou a prometer, diretamente, imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida a quem lhe desse votos”, afirmou, em depoimento, uma das lideranças que presidiu a Associação de Moradores do bairro Horto. Para preservar as testemunhas, o Hoje em Dia não revelará nomes.

Ao prestar esclarecimentos aos policiais, uma das testemunhas disse que participava há cinco anos de reuniões da Associação Habitacional de Ipatinga, sempre pagando taxa mensal, e ainda foi obrigada a trabalhar em campanha eleitoral. “Que foi obrigada a trabalhar, de graça, em três campanhas eleitorais para Saulo Manoel; Que foi obrigada a trabalhar na campanha de 2012, para vereador, na campanha de 2010, para deputado, e na campanha de 2008; que a declarante foi ameaçada de ter seu nome retirado da lista de espera para o recebimento do imóvel do programa Minha Casa, Minha Vida se não trabalhasse”, afirmou.

Segundo a testemunha, todo o trabalho na campanha era coordenado por Uzânia Aparecida Gomes, chefe de gabinete de Saulo Manoel e presidente do Partido dos Trabalhadores de Ipatinga. Ela foi indiciada pela Polícia.

Outra testemunha confirmou as denúncias. “Que Saulo Manoel prometia casas do programa em troca de votos e, ainda, exigia das pessoas que trabalhassem de graça”, afirmou Fernando Cezar Silva, também frequentador das reuniões.

O vereador, dois assessores e outras quatro pessoas são acusadas de utilizar a Associação Habitacional de Ipatinga e de fraudar o Minha Casa, Minha Vida em benefício próprio. O vereador e todos os indiciados também receberam apartamentos do Minha Casa, Minha Vida.
 

 

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