População de Belo Horizonte ignora wi-fi de graça

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
13/05/2015 às 06:16.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:00
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Assistir a vídeos, ouvir música, atualizar-se no Instagram, ler notícias e bater papo no WhatsApp. Tudo isso sem consumir um centavo sequer do pacote pessoal de dados. Belo Horizonte tem quase 60 pontos onde o acesso à internet pode ser feito gratuitamente. Desejado por todos, o serviço, entretanto, ainda é desconhecido por muitos.


A reportagem percorreu importantes praças e parques da cidade e fez o teste com usuários da rede. Em quase todos os locais, foi possível navegar sem problemas. A maioria das pessoas abordadas, porém, desconhecia a possibilidade de manter o acesso de graça.


O principal motivo apontado pelos internautas desinformados sobre o serviço grátis foi a falta de placas indicativas do sinal Wi-Fi. No Mirante do Mangabeiras, por exemplo, na Zona Sul, o sinal apresentou-se bastante estável e a conexão, rápida, mas a antena disponível no local, instalada no topo de um poste, passava facilmente despercebida. Não há, em nenhum ponto do local, qualquer indicativo do serviço sem fio.


“Nunca tinha usado e nem sabia que existia Wi-Fi nas praças de BH. Acho super útil, mas falta divulgar, informar as pessoas”, pontuou a estudante Aline Garcias, de 19 anos, que testou a conexão pela primeira vez e aprovou.


Desde 2005


O serviço wireless integra o Programa BH Digital, criado em 2005 e gerenciado pela Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel). Ao todo, são 59 hotspots (pontos que fornecem a internet sem fio e de graça) espalhados pela cidade.


O objetivo é habilitar outros 61, entre praças, vilas e favelas, até 2016. Por mês, são registrados em média 220 mil acessos nesses locais.


Propaganda enganosa


Entre os pontos visitados, o Parque Municipal, no Centro, foi um dos que não cumpriram o prometido. Além das tímidas plaquinhas com a informação sobre o serviço – já desbotadas pela ação do tempo e até camufladas na vegetação –, a rede, fraca e instável, impossibilitou o acesso a qualquer site ou rede social. Ou seja, não funcionou.


“Trabalho aqui há cinco anos e nunca consegui usar. Além disso, até para logar é um sacrifício”, reclamou a atendente Camila Zimbra, de 27 anos.


Na Praça da Savassi, na região Centro-Sul, foi possível navegar sem interrupção no quarteirão próximo à rua Alagoas, onde o serviço é disponibilizado por uma antena, mas sem identificação.


Do lado oposto, porém, perto da rua Antônio de Albuquerque, mesmo a rede sendo encontrada pelo dispositivo móvel, não foi possível conectar-se e navegar. “Minha mãe é expositora e estou sempre aqui. Já tentei diversas vezes, mas nunca consegui conectar”, contou o estudante Áquila Faria de Oliveira, de 16 anos, que também já tentou, sem sucesso, na Praça Sete.


A Prodabel informou que fatores como equipamentos utilizados, quantidade de usuários, tipo de dados e distância do ponto de acesso são determinantes para a qualidade do serviço. Para usar o sistema basta fazer um cadastro rápido (com nome, CPF, endereço e telefone). O acesso comum é limitado a duas horas diárias por pessoa.


Navegação em alta velocidade disponível para quase todos os brasileiros até 2018


Em até três anos, 95% dos brasileiros terão a possibilidade de navegar na internet em alta velocidade. A meta, anunciada pelo governo federal, integra a nova fase do Programa Banda Larga para Todos. Ao final do prazo previsto, a expectativa é a de possibilitar 300 milhões de acessos à banda larga.
Para alcançar o objetivo, o desafio será criar condições para reduzir o custo do serviço, inclusive em comunidades de difícil acesso. O investimento médio necessário é de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões, conforme o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.


“Para localidades onde a fibra ótica não tenha chegado, a ideia é usar satélites. Ano que vem, lançaremos um para comunicação militar, que ajudará a levar internet para locais onde a fibra ótica não é acessível”, disse o ministro, ao lembrar que as constantes mudanças tecnológicas encarecem os serviços prestados pelo setor.


Berzoini cita, ainda, emissoras de televisão comunitárias e públicas como ferramentas relevantes para a inclusão social no país. Segundo ele, a interatividade, estabelecida a partir da implantação da TV digital, deve ser assegurada. “Temos o compromisso de que essa interatividade seja um instrumento de inclusão para a população de baixa renda”, reforçou.


FACEBOOK


No mês passado, a presidente Dilma Rousseff já havia anunciado uma parceria com a rede social Facebook para levar a internet a populações pobres e de áreas isoladas e facilitar o acesso digital a serviços como educação e saúde.


A princípio, o Facebook ofereceria o sinal de internet a populações mais vulneráveis e o governo brasileiro disponibilizaria os serviços sociais. Os detalhes da parceria devem ser informados no mês que vem, quando Mark Zuckerberg – fundador da rede social – visitará o Brasil.


31 MILHÕES DE CASAS


De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o acesso à internet está presente em 31,2 milhões de casas brasileiras. Em 88% delas, a navegação parte de computadores, em 53,6%, de celulares, e em 17,2% o acesso à rede é feito a partir de tablets.


O levantamento mostrou, também, que os computadores são responsáveis exclusivos por conexões em 42% das casas. Em 11,5% das residências os moradores usavam apenas celulares e tablets. Os dados integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013 – Acesso à Internet e à Televisão e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal.



 

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