
Diferentemente de outros protestos, uma manifestação lúdica e divertida toma conta da Praça da Estação neste domingo. O local virou um campo de futebol amador, com direito a tropeirão dos barraqueiros do Mineirão, juiz palhaço e torcida na geral. Organizado pelo Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac) e outros movimentos, o evento “A Ocupação#7 – O futebol é Nosso” teve como objetivo principal protestar contra a Fifa e a “elitização” do esporte na Copa do Mundo.
“Estamos respondendo ao cerceamento do direito de manifestação com arte, cultura e futebol de rua. A Fifa roubou o Mineirão das massas e excluiu o povo”, disse a cientista Amanda Couto, membro da Copac.
Veja fotos da manifestação em Belo Horizonte:
Faixas como “CPI do Mineirão!”, “O futebol é nosso”, “Volta Tropeirão” e “Fim dos Despejos” estão espalhadas pela praça. mais cedo, um grupo simulou um ônibus que estampava críticas à Prefeitura de Belo Horizonte: “Em BH a prefeitura não se move. O move não se move”. Enquanto andavam, os manifestantes cantavam “Futebol do povão, é na Praça da estação, Cola aí meu irmão, Fifa manda aqui não!”.
Sindicatos de trabalhadores, ativistas do Fora Lacerda e do Tarifa Zero e integrantes da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (AMES-BH) engrossaram a “Ocupação#7”, que teve ainda música e apresentações artísticas. No campo improvisado, as equipes se revezam. Areias, Dandara, Sem Catraca, A Rua é Pública, Baixo Bahia e Liga Feminina, entre outros, jogam sob aplausos.
O servente Paulo César Costa e o auxiliar de produção Tiago Oliveira saíram de Ribeirão das Neves para participar da pelada no Centro da capital. Descalços, os craques do Areias esbanjaram habilidade com a bola e irritação com a Fifa. “Já que não podemos nem chegar perto do Mineirão, viemos pra cá pra nos divertir e protestar”, contou Costa.
De longe, o jornalista argentino Pablo Alonso acompanhava a movimentação. “Eles protestam com razão. A Fifa só pensa em lucro. Os ingressos estão caros e é quase impossível consumir no estádio. Uma cerveja custa R$ 10, um refrigerante, R$ 8. Os pobres não têm acesso”, disse ele, que guardou dinheiro durante muito tempo para realizar o sonho de ver a Copa no Brasil.
Presidente da Associação dos barraqueiros da Área Externa do Mineirão, Selma Salvino foi mostrar sua indignação contra a proibição da venda de comida por ambulantes nos arredores do Mineirão. “Pelo menos 150 barraqueiros foram prejudicados. Queremos de volta o direito de trabalhar e ganhar a vida honestamente”, afirmou ela, que trabalhou em frente ao portão 4 dos 12 aos 42 anos, e hoje tem dificuldades para sustentar sua família.
Cerca de 100 policiais acompanham o protesto pacífico. Algumas pessoas que saem da Estação Central do metrô são revistadas, segundo a PM, por uma questão de segurança.