Presos pagavam R$ 1.500 por celular levado por agente penitenciário para a Nelson Hungria

José Vítor Camilo
15/10/2019 às 18:39.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:14
 (Amadeu Barbosa)

(Amadeu Barbosa)

Um celular por R$ 1.500 e R$ 250 por cada porção de droga. Este era o valor recebido por um agente penitenciário, que estava lotado no Estado há cerca de 7 anos, para entrar no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com materiais proibidos para presos. O suspeito foi preso na segunda-feira (14) pela Polícia Civil (PC), que só divulgou detalhes da operação na tarde desta terça-feira (15). 

Segundo o delegado Marcus Vinicius Vieira, da 1ª Delegacia De Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), a prisão foi um desdobramento da investigação de vários crimes praticados no interior da unidade prisional, como sequestros que eram comandados pelos detentos.Amadeu Barbosa / N/A
Suspeito se utilizava do conhecimento adquirido para burlar a máquina de scanner

"Ontem (segunda) conseguimos identificar a razão destes outros crimes, com a prisão deste agente que colocava para dentro celulares e drogas. Ele confessou alguns dos delitos, mas nega outros. O suspeito se aproveitava do conhecimento obtido com os muitos anos de trabalho no sistema e usava um ponto cego do scanner corporal, passando com os materiais sem ser descoberto", precisa o policial. 

Agora, a PC segue com as investigações, que estão sob segredo de Justiça, para tentar identificar outros agentes públicos ou detentos envolvidos nos crimes. 

Mulher de detento fazia os pagamentos 

Ainda segundo Vieira, os pagamentos ao agente penitenciário eram feitos pela mulher de um dos presos da unidade prisional, que também foi detida nesta segunda-feira. "Trata-se de um preso de alta periculosidade, que está há anos no sistema prisional, e que é responsável por vários crimes como roubo, extorsão mediante sequestro, organização criminosa e, inclusive, sequestros em outros estados, como Paraná e Mato Grosso do Sul", complementa o delegado. 

Agora, o agente penitenciário poderá responder por associação ao tráfico de drogas, corrupção passiva, comércio ilegal de arma de fogo, inserção de celular no sistema prisional e tráfico de drogas. "Acreditamos que, com essa prisão, poderemos diminuir a incidência de delitos praticados dentro desta penitenciária. Este foi o objetivo principal do Deoesp. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) ficará responsável pelas  medidas administrativas cabíveis contra o agente", concluiu o policial. 

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