Mesmo com a expectativa de mais de 1,5 milhão de foliões no Carnaval de Belo Horizonte, hotéis e hostels da cidade não tiveram o movimento esperado para o período.

Nos hotéis, cerca de 42% das vagas foram ocupadas e, nos hostels, 45%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-MG). O resultado é pior do que no ano passado, quando os hotéis tiveram 57% das vagas preenchidas, na mesma época.

O baixo rendimento do setor é consequência do aumento no número de estabelecimentos após a Copa, explica a presidente da Abih-MG, Patrícia Coutinho. Foram 37 novos hotéis abertos somente em 2014. Hoje, 13.501 quartos estão em oferta aos turistas em BH, 4.801 a mais do que no ano passado.

Os hostels, segundo ela, mais do que duplicaram na capital. “Houve um aumento no número de quartos. No entanto, com o crescimento do Carnaval, era esperado um reflexo positivo no setor. Não foi isso o que aconteceu. A ocupação está baixa para o período”, afirmou Patrícia.

ESTRATÉGIAS

Com a procura menor, alguns hotéis optaram por promoções para atrair hóspedes. A administradora do Via Contorno Hotel, localizado no Prado, Ana Beatriz Mota Gontijo, conta que as diárias no hotel estão quase a preço de uma vaga em um hostel. “Só temos cerca de 25% dos quartos ocupados. A situação não está boa, nem aqui, nem em outros estabelecimentos”.

No Hotel Classic, no Lourdes, nenhuma reserva foi feita por foliões que vieram curtir o evento na cidade. “Este ano, tínhamos a esperança de um movimento maior. No entanto, a grande divulgação não favoreceu o hotel”, destacou a gerente comercial do hotel, Magda Figueiredo.

Mesmo mais baratas, vagas em hostels estão sobrando

Principal opção dos jovens pelo valor econômico das diárias em quartos coletivos, os hostels ou albergues não chegaram a preencher 50% das vagas oferecidas na cidade.

No Collaborate Hostel, no bairro São Pedro, apenas 30% dos quartos estavam ocupados até a tarde de ontem para o Carnaval. “Não tivemos o retorno esperado. Com o crescimento do evento em BH, a gente esperava uma ocupação maior”, disse o proprietário do estabelecimento, Ivan Lima.

O local recebeu reservas principalmente de visitantes de cidades do interior do Minas e do estado de São Paulo. “Acaba que só procura hospedagem quem não conhece alguém que more aqui ”, frisou.

Hostel no São Pedro preencheu somente 30% das vagas. Foto: Frederico Haikal/ Hoje em Dia

Outro estabelecimento do setor, no bairro Lourdes, o Samba Rooms Hostel, teve um pouco mais de sorte e conseguiu ocupar 50% das vagas. Mesmo assim, o proprietário, Daniel Nunes, não ficou satisfeito. “Ainda estamos recebendo reservas, mas, mesmo assim, a procura por quartos está abaixo do esperado”, destacou.

O perfil dos foliões do Carnaval de BH é uma justificativa para a baixa procura por hostels e hotéis. Grande parte do público são belo-horizontinos que optaram ficar na cidade ou moradores da Grande BH, que podem voltar para o município de origem, após um dia de festa.

Já quem vem de outras regiões acaba procurando amigos que moram em Belo Horizonte para economizar com diárias. Esse é o caso da turismóloga, Helga Andrade, de 27 anos, que veio de Divinópolis e irá ficar hospedada na casa de uma amiga, no bairro Nova Suissa. “Como tenho muitos amigos aqui na capital, nem cheguei a pensar em ficar em um hotel”, afirmou Helga.

A administradora Isadora Rabelo, de 23 anos, que pela primeira vez passará o Carnaval aqui, também ficará na casa de amigos. “Vou ficar hospedada no Coração Eucarístico. Escolhi curtir a festa em BH pelo custo-benefício”, contou a montes-clarense.