Profissionais de saúde protestam em BH após enfermeira ser atacada com agulha 'contaminada por HIV'
Ato público no Hospital João Paulo II denuncia onda de violência e insegurança nas unidades de saúde
Trabalhadores da saúde pública de Belo Horizonte realizaram nesta terça-feira (30) um protesto em frente ao Hospital João Paulo II, no bairro Santa Efigênia, Centro-Sul da capital. A manifestação se deve ao ataque a uma enfermeira de 52 anos, atingida com uma seringa supostamente contaminada com HIV.
O ataque ocorreu no hospital durante a coleta de sangue do bebê da agressora, uma mulher de 25 anos. A criança, de apenas três meses, testou positivo para o vírus. Segundo o boletim de ocorrência, a mãe da criança, que é soropositiva, teria retirado o material utilizado no procedimento e perfurado a mão da profissional.
A Polícia Civil (PC) informou que a suspeita teve a prisão em flagrante ratificada pelo crime de praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio (Código Penal, artigo 131).
Rotina de violência e traumas
Neusa Freitas, técnica de enfermagem e diretora executiva do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde), destacou que o caso é mais um episódio de violência nas unidades de saúde de Belo Horizonte.
“Ela está em uso da medicação, que a gente chama de coquetel. Ela está em casa extremamente abalada. Queríamos que ela estivesse aqui, mas ela não tem condições psicológicas para isso. E a nossa grande preocupação é porque já virou uma rotina essa onda de violência”, disse Neusa.
A diretora enfatizou a preocupação com o ataque ter ocorrido em uma unidade hospitalar referência em doenças infectocontagiosas, o que gera maior medo nos profissionais. “A preocupação da trabalhadora é muito maior, porque agora, mesmo com o uso da medicação, o trabalhador não fica tranquilo. Um absurdo o que aconteceu.”
Neusa Freitas informou que entidades sindicais, o Conselho de Enfermagem e o Ministério do Trabalho se uniram em uma campanha para chamar a atenção para a crescente violência. O objetivo é buscar junto aos órgãos públicos a adoção de medidas efetivas para coibir as agressões. “O que não dá mais é para simplesmente ficar por isso mesmo. Esse trabalhador, vítima da violência, fica traumatizado para o resto da sua vida”, concluiu.
Pesquisa revela altos índices de violência
Uma pesquisa feita pelo Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais apontou a gravidade da situação. O estudo, baseado em questionário online respondido por profissionais de enfermagem, revelou que 95% dos participantes disse já ter sofrido alguma violência no ambiente de trabalho. O levantamento indicou que a maior parte das agressões é assédio moral (45%), seguido por violência verbal (40%) e violência física (9%).
(Valéria Marques/Hoje em Dia)
(Valéria Marques/Hoje em Dia)
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