O Programa Miguilim, iniciativa que oferece triagens visuais e auditivas a estudantes da rede pública, começou a ser implementado em escolas indígenas de Minas Gerais. O projeto piloto está sendo desenvolvido na região de Itabira, abrangendo os municípios de Carmésia e Guanhães.
Inspirado no personagem Miguilim de Guimarães Rosa, que descobre um novo mundo ao receber seus primeiros óculos, o programa busca garantir a saúde ocular e auditiva dos alunos para otimizar o aprendizado.
Em parceria, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) realizaram, entre os dias 20 e 21 de maio, uma visita técnica a Carmésia para a implantação do piloto do Programa Miguilim - Saúde Ocular nas Escolas Indígenas. A iniciativa contempla também a cidade de Guanhães. Nestes municípios, são esperados atendimentos para 211 estudantes indígenas com idades entre 5 e 18 anos.
O trabalho é fruto de ações conjuntas da SES-MG, SEE-MG, Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e lideranças locais, com o apoio da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira e da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Guanhães. A meta é que, até 2026, o programa esteja presente em todas as escolas indígenas de Minas Gerais.
A subsecretária de Redes de Atenção à Saúde da SES-MG, Camila Castro, destacou que o programa já atuou em todo o estado em escolas e agora será fortalecido nas comunidades indígenas. "Vamos fortalecer essas ações nas escolas indígenas, falando com lideranças, secretarias municipais de Educação e de Saúde", afirmou.
Sívia Moraes, analista educacional da SEE-MG, ressaltou que dificuldades oculares atrapalham o aprendizado, e que o piloto foi pensado especificamente para o estudante indígena, reforçando a parceria entre Saúde e Educação em prol dos povos originários mineiros.
Capacitação e desafios culturais
Durante a visita em 21 de maio, na Escola Estadual Bacumuxá - aldeia Pataxó, profissionais de saúde e educação escolar indígena de Carmésia e Guanhães passaram por capacitação. O objetivo é treiná-los para detectar necessidades relacionadas à visão e audição, que são fundamentais para um bom desenvolvimento educacional.
Andressa Duarte, referência técnica da Saúde Indígena da GRS Itabira, explicou que o programa busca diminuir desigualdades na assistência à saúde dos povos originários. Segundo ela, embora não haja diferença no atendimento a indígenas e estudantes em geral no Programa Miguilim, é crucial considerar as especificidades dessas populações. "Há desafios culturais e linguísticos", disse, enfatizando a importância da capacitação dos profissionais que atuarão nas aldeias.
O que é o Programa Miguilim
O Programa Miguilim visa garantir a saúde visual e auditiva dos estudantes da rede pública do estado. Ele promove triagens em escolas, encaminha alunos para atendimento especializado, e além de fornecer óculos e aparelhos auditivos, custeia consultas especializadas e exames complementares. O foco é a detecção precoce de necessidades em crianças e adolescentes, uma realidade que agora se estende aos estudantes indígenas de Minas.
*Com informações da Agência Minas
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