‘Brinquedo de Terra’

Projeto leva oficinas de arte com pigmentos minerais a escolas públicas da Grande BH

Da Redação*
29/05/2023 às 21:54.
Atualizado em 29/05/2023 às 21:59
 (Divulgação / Robson Peixoto)

(Divulgação / Robson Peixoto)

Já ouviu falar em produções artísticas com a utilização de pigmentos minerais? Essa é a proposta do projeto social “Oficina Brinquedo de Terra: Geotintas, Arte, Identidade e Apropriação do Espaço”, da instituição Terra Cor Brasil, realizado em escolas públicas de Itatiaiuçu e Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A iniciativa busca levar, de forma gratuita, oficinas de produção de arte utilizando pigmentos minerais como matéria-prima para alunos de 7 a 12 anos para fomentar a cultura da prática. 

Os pigmentos são coletados nas próprias regiões onde são realizadas as oficinas. Segundo a instituição, isso estimula o sentimento de pertencimento dos jovens às regiões onde vivem, promove a convivência comunitária e aborda temas atuais relevantes como crise climática e as atuais alternativas de mudanças no modo de vida baseado no consumo de recursos naturais industrializados em larga escala.  

“O Brinquedo de Terra propicia um contato com a natureza e a cultura local, além de possibilitar uma reflexão sobre os modos de vida sustentáveis. As oficinas de produção de arte também são uma oportunidade para a população se apropriar dos espaços comunitários e dialogar com costumes e tradições locais”, afirma Cláudio Freire, criador e coordenador do projeto. 

O projeto, que conta com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, e em parceria com a Usiminas, teve início no ano passado e já esteve em quatro comunidades e dois bairros, atuando em seis escolas.

Neste ano, mais de 500 participantes devem integrar as atividades propostas pelo projeto em Itatiaiuçu. Já Mateus Leme recebe o projeto pela primeira vez.

Oficinas Brinquedo de Terra

Nas oficinas Brinquedo de Terra os alunos recebem informações sobre a técnica ancestral de produção de tintas de terra, por meio da preparação de pigmentos minerais, misturados à água e cola branca para papel, aplicando-as em trabalhos artísticos. 

Cada participante ganha um “kit” de pintura contendo os pigmentos minerais com cores variadas, coletados na região onde o projeto realiza as oficinas e são estimulados a desenvolverem um pensamento crítico sobre o uso dos recursos naturais na atualidade, e seu papel de agente transformador no contexto de sua realidade local. 

Com duração de 2 horas, os alunos recebem noções básicas de desenho e praticam o manuseio e preparo das tintas de terra em pequenas porções contendo o pigmento mineral, água e cola, testando diferentes proporções da mistura e aplicando-as em papel e tecido. No final, os trabalhos são expostos em um grande mural coletivo e os alunos levam para casa seus kits e seus trabalhos artísticos.  

Aquarelas minerais

Cláudio Freire é também Engenheiro de Minas e começou a usar as geotintas para fazer arte em 1998. A técnica utiliza processos artesanais na obtenção de cores, por meio da extração de minerais coletados em regiões que são alteradas em suas características originais, com o passar do tempo, ganhando novas formas, texturas e cores. 

A esse processo, dá-se o nome de “intemperismo”, que produz aquarelas minerais de forma natural. O trabalho ligado à mineração e veia artística levaram o artista à concepção de iniciativas socioambientais com geotintas. 

O exercício da profissão em empresas geradoras de grandes impactos no ambiente e no modo de vida das pessoas que vivem no entorno dos empreendimentos minerários instigou em Cláudio vários questionamentos. Ele passou a criar projetos com uso de geotintas e a promover debates sobre a relação da humanidade com o consumo, as atividades minerárias e o planeta em 2016.

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