Proposta de transferir camelôs do hipercentro da capital para os shoppings divide opiniões

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
06/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:24
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A resistência dos camelôs em deixar as ruas de BH tem transformado o hipercentro em um verdadeiro campo de guerra nos últimos três dias. Mas, como se não bastasse, a transferência dos ambulantes para os shoppings populares também pode gerar conflitos. A medida enfrenta rejeição de lojistas que já trabalham nas unidades comerciais. 

No shopping Caetés, onde 55 boxes devem ser ocupados por camelôs, o sentimento é de apreensão. O local tem recebido um fluxo cada vez menor de pessoas desde o início do ano, segundo os próprios vendedores. A baixa procura tem derrubado o faturamento. 

Uma lojista do ramo de vestuário feminino, que não quis se identificar, alega que a chegada dos ambulantes pode melhorar o movimento. No entanto, ela afirma que a transferência será injusta se as condições oferecidas para o aluguel não forem as mesmas para todos.

“Mesmo que houvesse vagas para novos comerciantes, os camelôs não seriam aceitos aqui. Tentar colocá-los dentro de shoppings populares é uma grande covardia”Mário ValadaresDiretor do shopping Oiapoque

Custo

Conforme a comerciante, o custo mensal com a locação do espaço é de aproximadamente R$ 400. “Como não temos vendido quase nada, estamos precisando parcelar esse valor. Se os camelôs vierem e receberem ajuda, acho que nós que já estamos aqui também devemos receber”.Flávio Tavares / N/A

Shopping Caetés

Segundo a prefeitura, apenas as vagas de propriedade do município serão oferecidas aos camelôs no shopping Caetés. Portanto, os demais comerciantes não receberão o mesmo auxílio.

Entre os gestores dos shoppings populares, as opiniões também se divergem. O diretor do Oiapoque, Mário Valadares, condena a proposta de transferência da prefeitura de BH. Para ele, o perfil desses trabalhadores não condiz com as exigências mínimas.

“Mesmo que tivessem vagas para novos comerciantes, os camelôs não seriam aceitos aqui. São, na maioria dos casos, pessoas desempregadas da construção civil, sem nenhuma experiência. Tentar colocá-los dentro de shoppings populares é uma grande covardia”, avalia.

Já na opinião do representante do shopping Uai, Bernard Martins, a instalação dos ambulantes tem tudo para dar certo. Ele afirma que 800 vagas serão oferecidas na unidade do Centro, em frente à rodoviária. Outras 800 serão abertas na unidade de Venda Nova. 

“Nosso objetivo não é só ceder o espaço, mas também dar a capacitação, já que temos que um Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) dentro do shopping”, diz Bernard Martins.

Outra alternativa é ventilada pelo urbanista Sérgio Myssior. Para ele, a delimitação de espaços para que os camelôs trabalhem no Centro pode ser viável.

“Desde que haja organização, respeito à acessibilidade dos pedestres e ao código de posturas do município, a ocupação de locais subutilizados no hipercentro pode dar muito certo”.

O credenciamento proposto pela PBH é para uma ação de quatro meses para promover o empreendedorismo. As vagas serão distribuídas por sorteio que acontece hoje e os camelôs terão a chance de aprender a estruturar e formalizar o próprio negócio.

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