Qualidade de vida e o PIB em Belo Horizonte

Do Hoje em Dia
14/12/2012 às 06:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:32

Belo Horizonte vem perdendo qualidade de vida, como se afirmou aqui no dia em que a cidade comemorou 115 anos, sem ter ganhado, em contrapartida, mais riqueza. Pelo menos, aquela riqueza medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). É o que se verifica pelos índices divulgados na última quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2010.

Ninguém mais duvida que o desenvolvimento cobra da natureza um alto preço e que os homens também estão pagando muito por isso. É o que se percebe, por exemplo, em São Paulo, que lidera há pelo menos sete décadas o ranking das cidades mais ricas do país e, igualmente, das mais violentas e poluídas. Mas, em Belo Horizonte, parece que a rápida deterioração da qualidade de vida não encontra correspondência no índice de desenvolvimento medido pelo IBGE.

A cidade teve em 2010 PIB de R$ 51, 66 bilhões, representando 1,4% de todo o PIB brasileiro, mesmo percentual que em 2009. Está atrás apenas de São Paulo (11,8%), Rio de Janeiro (5%), Brasília (4%) e Curitiba (1,4%). A capital paranaense, que teve PIB de R$ 53,1 bilhões, valor pouco superior ao da capital mineira, apresentou, no entanto, um PIB per capita bem superior. Enquanto cada morador de BH ganhou em média R$ 21.748 durante o ano de 2010, o de Curitiba embolsou R$ 30,4 mil. Entre as dez capitais com maior PIB, Belo Horizonte só ganha, em riqueza per capita, de Fortaleza e Salvador, duas cidades do Nordeste, região mais pobre do país.

É verdade que o PIB de um município nem sempre tem equivalência com a riqueza de sua população, pois esta pode não se apropriar de parte da riqueza gerada que é transferida para moradores de outros municípios e até de outros países. O PIB per capita também pode enganar. O de Confins, por exemplo, é 11 vezes maior que o de Belo Horizonte, porque tem um grande aeroporto internacional que gera riqueza e uma população 400 vezes menor que a da capital. Confins ostenta o quarto maior PIB per capita do país, mas está atrás de 1.232 municípios em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O que se tira dessa constatação é que riqueza gerada não tem correlação direta com qualidade de vida e, portanto, com a felicidade da população. Os que querem o desenvolvimento a todo custo, destruindo áreas verdes e outros recursos naturais, como a água doce, deveriam meditar bem sobre essa questão, uma das mais importantes neste momento.
 

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