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Segunda-Feira,29 de Abril

Quase 60 anos de imponência e beleza na Praça da Liberdade

Danilo Emerich - Hoje em Dia
25/05/2014 às 07:53.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:43

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

As curvas do Edifício Niemeyer encantam quem passa pela Praça da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. As formas livres, característica inconfundível do arquiteto que projetou e dá nome ao residencial, o transformou em cartão-postal e ícone arquitetônico moderno.   O prédio foi projetado em 1951, com 22 apartamentos divididos em 11 andares. Quem mora ali não esconde: é um privilégio. Devido a essa relevância arquitetônica – motivo do tombamento municipal, estadual e federal –, o Niemeyer fecha a série de reportagens do Hoje em Dia sobre prédios históricos de Belo Horizonte.   História   Segundo a Fundação Municipal de Cultura de BH, foi Lúcia Machado Almeida, irmã do político Cristiano Machado, quem contratou Oscar Niemeyer em 1950. O objetivo era elaborar um prédio de luxo em um pequeno lote triangular da família, na esquina da Praça da Liberdade com a avenida Brasil, onde existia o Palacete Dolabela.   O projeto não agradou a todos. Segundo o subsíndico, o advogado Jorge de Almeida Neves Filho, de 65 anos, um dos moradores mais antigos, uma Ação Civil Pública tentou embargar a obra em 1954, quando a construtora Waldemar Polizziera erguia o quarto andar. “Queriam que todos os prédios atendessem só ao serviço público”, conta.   A obra foi retomada em 1957 e finalizada um ano depois. Jorge de Almeida lembra que o pai recebeu as chaves só em dezembro de 1960.    Muitas famílias tradicionais viveram ali, como os Neves, Polizzi, Giannetti, Haas e Carsalade Vilela. “Também tivemos estrangeiros, ingleses, italianos, suecos e belgas. Hoje, apenas quatro famílias originais permanecem com imóvel aqui”, afirma o subsíndico.   Distinção   Morar no Niemeyer é um privilégio, diz a universitária Laura Baraldi, de 22 anos, que reside ali desde os 15. Ela conta que quando amigos descobrem o endereço, ficam curiosos para conhecer o apartamento das paredes curvas. “Há pessoas que nem sabiam ser um residencial, por estar na Praça da Liberdade”, diverte-se.   As mesmas curvas também fazem do Niemeyer um dos prédios mais fotografados de BH. A educadora física Cristiane Andrade, de 33 anos, não abre mão de captar uma imagem toda vez que caminha pela Praça da Liberdade. “É uma obra de arte. Tenho curiosidade de conhecer o lugar por dentro”, afirma.   Obras em BH colocaram fim à vista privilegiada   Apesar de ser ícone do movimento arquitetônico moderno, a “era de ouro” do Edifício Niemeyer se foi. É o que diz o subsíndico, o advogado Jorge de Almeida Neves Filho. “Antes se via toda a cidade. Desde a Serra do Curral até o Mineirão. Hoje, a vista é bloqueada por outros prédios”, lamenta. Outro problema relatado é o uso indevido, por terceiros, das apertadas vagas de garagem, além de alguns eventos na Praça da Liberdade que tiram o sossego dos moradores.   Além disso, o edifício pede por uma reforma. A pintura das paredes e brises está desgastada e com infiltrações. O projeto foi aprovado há um ano e meio pelos órgãos competentes devido ao tombamento. Porém, atualmente, os moradores buscam patrocínio para a obra pela Lei Rouanet e ainda não há previsão de quando começará a revitalização.   Compra   Para quem se interessa em comprar um dos apartamentos de luxo do Niemeyer, as notícias não são boas. Há uma lista de espera caso alguns dos atuais donos resolvam vender. A última negociação foi há cinco anos. Mesmo precisando de uma grande reforma, o bem foi comercializado por cerca de R$ 2 milhões, segundo Jorge Neves Filho.   Ficha técnica   Edifício Niemeyer   Histórico: Projetado em 1951 e inaugurado em 1960. É um edifício residencial do complexo arquitetônico da Praça da Liberdade. Famílias tradicionais de Belo Horizonte moraram lá, como os Neves, Polizzi, Giannetti e Carsalade Vilela. É tombado em todos os níveis, municipal, estadual e federal.   O local: O prédio na esquina da Praça da Liberdade com avenida Brasil fica em um terreno triangular. São 11 andares e 22 apartamentos, sendo os pares com quatro quartos e os ímpares com três, mas apenas uma vaga de garagem para cada um.   Arquitetura: O edifício, projetado por Oscar Niemeyer, foi um dos primeiros do movimento moderno de Belo Horizonte e se tornou ícone nacional do estilo arquitetônico, segundo o arquiteto e urbanista da UFMG Leonardo Castriota. Ele destoa do conjunto da Praça da Liberdade, por não seguir a altura e os padrões dos prédios restantes. Devido às formas livres e inovadoras para a época, até hoje é estudado por universitários de arquitetura.   Curiosidade: Cada apartamento é diferente do outro, devido às alterações internas feitas pelos proprietários. Não há crianças residindo no prédio. Atualmente, são aproximadamente 45 moradores, sendo a maioria idosos.   Outras relíquias da capital   Hotel Financial Instalado na avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, é o imóvel mais emblemático da presença do empresário Antônio Luciano Pereira Filho. Inaugurado em 1974, ele foi palco dos polêmicos encontros entre o dono e amantes.   Edifício Ibaté Primeiro arranha-céu da capital mineira, em 1935, com dez andares. O nome significa “o ponto mais alto” em tupi-guarani e foi construído no estilo Art déco, na esquina da rua São Paulo com Avenida Afonso Pena. O ex-presidente Juscelino Kubitschek já teve uma sala no local.   Edifício e condomínio JK O Conjunto Governador Juscelino Kubitschek está no bairro Santo Agostinho. Foi projetado em 1952 por Oscar Niemeyer e concluído em 1970. Disputa com o edifício Acaiaca o título de mais alto de BH. Cerca de 5 mil pessoas moram nos quase 1.100 apartamentos de tamanhos diversos.            

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