(Riva Moreira/Hoje em Dia)
A estrada para a Vila do Gongo Soco, em Barão de Cocais, está fechada devido ao risco de rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da Vale, próxima à região. Segundo os policiais militares que fazem o cerco, há uma distância de 12 quilômetros entre a mina e o local onde o tráfego está liberado, no bairro São Benedito.
Morador da Vila, Nicholson Resende, de 51 anos, tentou voltar para casa para alimentar os cinco cachorros que ficaram no terreno, e trancar as portas da residência. “Saí com pressa e não tive tempo nem de deixar ração para eles, agora queria voltar lá, mas realmente a vida da gente é mais importante”, afirma.
Mesmo onde o trânsito está liberado, o medo de ser afetado pela possível enxurrada de lama tem motivado a população a deixar as casas. Moradores do São Bernardo, os produtores rurais Aparecida das Dores e Raimundo Salvador, ambos de 56 anos, correm contra o tempo para fazer caber a casa dentro do carro, um Gol modelo antigo. Eles vão para outro imóvel da família, em uma região mais alta e segura.
Levando principalmente roupa, documentos e comida, o casal pretende retornar à residência só quando não houver mais risco de rompimento ou, no pior dos cenários, quando a barragem se desfizer. “Enquanto isso não tem jeito de ficar aqui não. Se estourar e não levar a casa junto podemos até voltar”, diz.
Raimundo alega que, embora tenha acordado às 2 horas da manhã com a sirene alertando para os riscos, nunca recebeu treinamento da Vale para agir em situações de emergência como essa. “A polícia passou nos avisando, achei até que era alguma morte. Não fomos instruídos antes, mas agora só nos resta tentar tirar os pertences e torcer para não acontecer nada de ruim”, diz.
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