POLUIÇÃO

Rua Padre Eustáquio tem a pior qualidade do ar entre as vias de BH, mostra pesquisa da UFMG

Estudo mostra que a poluição em BH está acima do tolerável pela OMS

Ana Luísa Ribeiro*
aribeiro@hojeemdia.com.br
Publicado em 27/10/2025 às 06:00.
Corredor urbano estreito, densamente edificado e de tráfego intenso, rua Padre Eustáquio é apontada como a mais problemática (Maurício Vieira)
Corredor urbano estreito, densamente edificado e de tráfego intenso, rua Padre Eustáquio é apontada como a mais problemática (Maurício Vieira)

O estudo da UFMG que mostrou a concentração do chamado material particulado – poeira, fuligem e resíduos da queima de combustível – do ar em Belo Horizonte apontou as vias mais críticas. A rua Padre Eustáquio, desde o início até a Igreja São Francisco das Chagas, está no topo da pesquisa.

Na sequência, as avenidas Amazonas, Nossa Senhora do Carmo, Silva Lobo e Barão Homem de Melo. Já os melhores índices foram observados na avenida Antônio Carlos e na região da Pampulha, que apresentam maior ventilação natural.

A pesquisa foi conduzida pelo climatologista Alceu Raposo Júnior, que utilizou uma estação móvel de qualidade do ar. O aparelho permite coletas precisas, em tempo real, das partículas sólidas suspensas no ar – como o material particulado inalável (MP10) e o fino (MP2,5).

Os dados mostram que BH respira um ar bastante poluído, bem acima do limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ultrapassando o máximo recomendado de 45 microgramas por metro cúbico (µg/m³) em todas as vias analisadas. 

No Anel Rodoviário, próximo ao bairro Califórnia, o índice chegou a 150 µg/m³, mais do que o triplo aceitável. Embora o pico alto de concentração tenha sido registrado no Anel, em um trecho na altura do bairro Califórnia, a rua Padre Eustáquio foi a que apresentou a pior média geral de poluição entre as vias monitoradas.

“A rua Padre Eustáquio apresentou as maiores médias de material particulado por ser um corredor urbano estreito, densamente edificado e de tráfego intenso. Ela funciona, do ponto de vista atmosférico, como um canal de baixa ventilação, onde os ventos têm pouca capacidade de renovação do ar”, afirma Alceu Raposo Júnior.

De acordo o pesquisador, a configuração urbana e o adensamento construtivo têm peso maior que o próprio relevo na degradação da qualidade do ar. “Os níveis medidos em Belo Horizonte são comparáveis aos das maiores capitais brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. O que agrava o quadro em BH é o fator geomorfológico: parte das avenidas monitoradas está localizada em fundos de vale ou corredores encaixados, que dificultam a dispersão dos poluentes”, alerta Raposo.

A OMS estima que cada aumento de 10 µg/m³ de partículas finas (MP2,5) esteja associado a um crescimento de até 8% na mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares.

Substituição da frota de ônibus

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que “está alinhada” com planos e metas de redução e fiscalização de agentes poluidores. A cidade tem como meta reduzir em 20% as emissões até 2030. “E de 41% até 2040, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda da ONU”, informou a administração municipal.

Além disso, o Plano Diretor prevê a substituição de 40% da frota atual por ônibus com energia limpa até 2030. Veja detalhes das ações da PBH neste link.

* Estagiária, sob supervisão do editor Renato Fonseca

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