O estudo da UFMG que mostrou a concentração do chamado material particulado – poeira, fuligem e resíduos da queima de combustível – do ar em Belo Horizonte apontou as vias mais críticas. A rua Padre Eustáquio, desde o início até a Igreja São Francisco das Chagas, está no topo da pesquisa.
Na sequência, as avenidas Amazonas, Nossa Senhora do Carmo, Silva Lobo e Barão Homem de Melo. Já os melhores índices foram observados na avenida Antônio Carlos e na região da Pampulha, que apresentam maior ventilação natural.
A pesquisa foi conduzida pelo climatologista Alceu Raposo Júnior, que utilizou uma estação móvel de qualidade do ar. O aparelho permite coletas precisas, em tempo real, das partículas sólidas suspensas no ar – como o material particulado inalável (MP10) e o fino (MP2,5).
Os dados mostram que BH respira um ar bastante poluído, bem acima do limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ultrapassando o máximo recomendado de 45 microgramas por metro cúbico (µg/m³) em todas as vias analisadas.
No Anel Rodoviário, próximo ao bairro Califórnia, o índice chegou a 150 µg/m³, mais do que o triplo aceitável. Embora o pico alto de concentração tenha sido registrado no Anel, em um trecho na altura do bairro Califórnia, a rua Padre Eustáquio foi a que apresentou a pior média geral de poluição entre as vias monitoradas.
De acordo o pesquisador, a configuração urbana e o adensamento construtivo têm peso maior que o próprio relevo na degradação da qualidade do ar. “Os níveis medidos em Belo Horizonte são comparáveis aos das maiores capitais brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. O que agrava o quadro em BH é o fator geomorfológico: parte das avenidas monitoradas está localizada em fundos de vale ou corredores encaixados, que dificultam a dispersão dos poluentes”, alerta Raposo.
A OMS estima que cada aumento de 10 µg/m³ de partículas finas (MP2,5) esteja associado a um crescimento de até 8% na mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares.
Substituição da frota de ônibus
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que “está alinhada” com planos e metas de redução e fiscalização de agentes poluidores. A cidade tem como meta reduzir em 20% as emissões até 2030. “E de 41% até 2040, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda da ONU”, informou a administração municipal.
Além disso, o Plano Diretor prevê a substituição de 40% da frota atual por ônibus com energia limpa até 2030. Veja detalhes das ações da PBH neste link.
* Estagiária, sob supervisão do editor Renato Fonseca
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