Sargento morreu cumprindo promessa de só atirar em último caso, conta amiga da família
Para familiares, morte do militar não pode ser em vão; eles cobram mudanças na lei que permite 'saidinha' temporária de presos

Assassinado com tiros na cabeça por um foragido beneficiado pela "saidinha" de fim de ano, o sargento Roger Dias, da Polícia Militar, morreu sendo coerente com uma promessa feita a si mesmo. Aos parentes e amigos, ele dizia que só atiraria em um criminoso se a própria vida estivesse em risco.
O relato foi dado nesta terça-feira (9) pela amiga da família Ana Carolina Viana, de 30 anos, durante o velório. Ex-colega de escola do PM, ela falou com carinho sobre Roger, natural de BH e que completou 10 anos de corporação no último sábado (6), quando estava hospitalizado.
"Ele sempre deixou claro que nunca atiraria em um bandido se realmente não tivesse um perigo iminente. E por isso ele morreu, ele obedeceu a regra", diz a amiga, uma das centenas de presentes no sepultamento, no Cemitério Bosque da Esperança.
Segundo a amiga, o desejo da família é que a morte do militar sensibilize os parlamentares e o governo, obrigando a revisão da legislação que permite a saída temporária de presos.
"Nós queremos que a morte dele não seja em vão. Queremos que o Senado altere a lei de execução penal e acabe com todas as regalias dos presos. O Roger não teve saída. Não era pra ele ter levado aquele tiro, não era para aquele bandido estar na rua", diz a amiga, indignada.
Durante o velório, ela lembrou que a família autorizou a doação de órgãos do policial. "Serviu a todos mesmo após a morte".
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