Secretário de Saúde acena para um possível fechamento do comércio em BH para frear a Covid

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
19/06/2020 às 12:25.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:49

É possível que Belo Horizonte feche novamente seu comércio para conter o avanço do novo coronavírus. Esse foi o recado deixado pelo secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, durante uma live nesta sexta-feira (19). Ao lembrar o que aconteceu em Milão, cidade bastante atingida pela epidemia, o secretário afirmou que “é provável que tenhamos que fechar também em Belo Horizonte”.

“Aprendemos com acertos e erros alheios, para não acontecer em Belo Horizonte o que aconteceu em Milão, que precocemente abriu seus serviços e depois teve que fechar tudo de novo. É provável que tenhamos que fechar também em Belo Horizonte, mas a situação não é de modo algum catastrófica como a que se viu em Milão, onde o número de óbitos explodiu”, afirmou.

Mesmo com a flexibilização do comércio em BH, a população deve fazer o possível para manter o isolamento social para garantir que não aconteça um aumento na propagação do novo coronavírus, segundo Machado.

De acordo com o secretário, na capital, 81,5% da população infectada não demandam internação, mas o restante – 18,5% – precisa ser atendida em hospitais de alguma maneira. Se houver um volume maior de pessoas com o vírus, maior será a demanda nos serviços de saúde.

Segundo Machado, se a taxa de transmissão (R0) subir do atual patamar de 1,19 para 1,5, calcula-se que 1.047 pacientes precisarão de leitos de UTI em julho – sendo que, neste momento, a capital tem 280 leitos de terapia intensiva para pessoas com Covid e outros 690 para pessoas com outras doenças. Neste momento, a taxa de ocupação geral de leitos de UTI em BH é de 82%. Ou seja, se aumentar a transmissão, o sistema de saúde da cidade poderá entrar em colapso.

“Por isso, é muito importante que se tenha distanciamento social, que as pessoas saiam para comprar somente o absolutamente necessário. Aquele tempo de sair para passear no shopping para olhar vitrine acabou. Agora a pessoa compra o que precisa e tem que voltar para casa”, afirmou o secretário, durante a live promovida pelo Conselho Municipal de Saúde.

Ele recomendou ainda que as pessoas higienizem as mãos, tomem banho logo ao chegar em casa e usem as máscaras corretamente. “Vejo pessoal que pega coletivo, sai do ônibus falando ao celular e baixa a máscara para isso. Também tem gente que vai caminhar na rua dizendo que é pelo bem da saúde, mas isso é incoerente, se estiver sem máscara”, disse o secretário, avaliando como “suicida” o comportamento de quem sai de casa para praticar exercícios sem uso da máscara.

Medicamento

Jackson Machado disse ainda que Belo Horizonte decidiu seguir um caminho próprio na tomada de decisões sobre o enfrentamento à pandemia porque, no Brasil, há um conflito de discursos em relação ao que pode ser feito. Como exemplo ele usou a portaria do Ministério da Saúde que permite o uso da hidroxicloroquina até mesmo em casos leves de Covid, mesmo que não haja comprovação científica sobre a eficiência do medicamento.

Até o momento, o único estudo realmente bem aceito pela comunidade científica mundial em relação a medicamentos utilizados no tratamento da doença foi realizado pela Universidade de Oxford, constatando que o corticóide dexametasona tem efeitos positivos. O levantamento mostrou que o medicamento pode resultar numa redução de 33% na mortalidade de pacientes intubados. “Já estamos usando esse medicamento há dois meses em Belo Horizonte, para nós não foi grande novidade (o estudo)”, disse.

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