Segurança contra incêndio é reprovada no maior pronto-socorro de Minas

Simon Nascimento
24/09/2019 às 21:26.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:55
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Maior pronto-socorro de Minas e referência em atendimento a queimados, o hospital João XXIII, em Belo Horizonte, falha na prevenção a incêndios. A constatação é do Corpo de Bombeiros, que fez varredura em 1.878 unidades de saúde do Estado, públicas e privadas. Irregularidades foram constatadas em 1.082, cerca de 60% dos espaços vistoriados.

O alerta surge duas semanas depois da grave ocorrência em um hospital no Rio de Janeiro, que deixou 14 mortos. Na madrugada desta terça-feira, o setor de emergência de outra instituição, em Florianópolis, chegou a ser interditado após princípio de fogo. Não houve feridos e o serviço foi restabelecido à tarde.

Na capital mineira, o João XXIII não tem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), laudo que atesta a segurança do imóvel. Os militares evitam detalhar os problemas encontrados, garantindo que não há necessidade de interdição. No entanto, servidores consideram a situação grave. A construção é antiga e a falta de investimentos atravessa anos e diferentes governos.

Aspra

Lá, conforme os funcionários, há vazamento de água na sala dos geradores, fios desencapados em alguns locais e faltam rampas e elevadores para evacuar pacientes em caso de emergência. A estrutura “vertical” da edificação também preocupa.

“Se ocorrer um incêndio, não tem plano de fuga dos pacientes. É um hospital com dez andares, sem rampas e lotado de acamados”, afirma o presidente da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas (Asthemg), Carlos Augusto Martins.

Segundo ele, a área reservada aos geradores, no subsolo, fica ao lado de um cômodo com uma bomba d’água. Ele garante que há vazamento nos dois lugares. “Hoje, praticamente todos os hospitais têm essas deficiências. O João XXIII nos preocupa mais devido aos diversos pacientes em estado grave”, acrescenta Martins.

A pauta de mobilização para resolver os problemas de segurança é constante. O grupo de gestão que está à frente agora chegou há pouco e sempre afirma que precisa de um tempo para diagnosticar melhor o problema. No João XXIII, os problemas são antigos. Há dificuldade de escoamento de fumaça, não temos garantia do tempo de evacuação, os elevadores estão permanentemente danificados. A gente tem cobrado e denunciado. Concordamos que não dá para paralisar. É um hospital fundamental, mas faltam investimentos. O próprio Corpo de Bombeiros não consegue fazer uma interdição pela relevância do atendimento que é oferecido” (Cristiano Túlio Albuquerque, médico da Fhemig e diretor de Mobilização do Sindicato dos Médicos de MG)

Sem projeto

A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) confirmou que o HPS não tem projeto de segurança contra incêndio. Porém, informou que um plano de emergência foi elaborado e passa por análise dos Bombeiros. “Com o objetivo de definir fluxos e contingenciamentos a serem executados pela Brigada de Incêndio da unidade, assim como planejamentos simulados conforme legislações vigentes. Este plano também prevê ações necessárias na infraestrutura e treinamentos”, diz nota enviada.

A Fhemig ressaltou que tem realizado ações de prevenção e combate ao fogo, como treinamento e formação de brigadistas, obras de modernização e implantação de sinalização e saídas de emergência, além da instalação de um dispositivo de segurança nas catracas capaz de destravar o mecanismo quando necessário.

41 unidades de saúde foram multadas por apresentar falhas no sistema de segurança contra incêndios

Plano de emergência

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) reforçou que já foi elaborado um plano de emergência para o Hospital João XXIII, que prevê medidas na infraestrutura e treinamentos. Atualmente, as ações de segurança, prevenção e combate a incêndio são realizadas por meio de formação da brigada, disponibilização de extintores com inspeções mensais, obras e sinalização de saídas de emergência, dentre outras medidas.

Já a Associação dos Hospitais de Minas Gerais (AHMG) informou, por meio da assessoria de imprensa, que representa mais de 8 mil instituições e precisaria de mais tempo para coletar as informações necessárias para dar um posicionamento.

Com Raul MarianoEditoria de Arte

  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por