Seis Pistas: fluxo de veículos aumenta no ritmo do crescimento imobiliário

Bruno Moreno - Hoje em Dia
20/05/2014 às 08:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:39
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

A avenida Alameda da Serra, conhecida como Seis Pistas, em Nova Lima, deixou de ser um atalho para virar uma via congestionada. Antes do imenso crescimento imobiliário na região, era muito usada por quem ia a dois hospitais lá instalados ou queria chegar à MG-030, sem ter que passar em frente ao BH Shopping, onde o tráfego já era intenso. Hoje, porém, é uma das mais saturadas da região, e não há solução a curto prazo para o problema. 

A inauguração de imensas torres de apartamentos e o crescimento da oferta de serviços – principalmente de saúde e educação, fora outros pontos comerciais – fez com que o local passasse de alternativa para condutores a gargalo nos horários de pico. Por ali circulam 15 mil veículos por dia, espremidos junto aos carros estacionados nas vagas em 45 graus.

O secretário de Segurança, Trânsito e Transporte Público de Nova Lima, tenente Antônio João de Morais, diz que não há obras previstas para a via, mas que a prefeitura pretende investir em sinalização para melhorar a fluidez dos veículos.

Mas o advogado Carlos Cateb, um dos colaboradores do Código de Trânsito Brasileiro, afirma que a mudança da sinalização não resolverá o problema. “O volume de veículos é muito grande”, pondera.

Soluções

Uma das propostas apontadas por ele é restringir o tráfego de veículos pesados, sobretudo de caminhões que transportam materiais de construção, entre 7 e 19h. “O local sofreu uma explosão muito grande de escritórios e a pista não é suficiente para suportar tantos veículos. O transporte pesado feito no período noturno deixaria o trânsito livre para os carros de passeio”, avalia.

A criação de um edifício-garagem nas vias laterais também reduziria o número de carros estacionados nas ruas, nas vagas em 45 graus. “Aumentaria o espaço disponível na pista de rolamento”, diz.

Consultor em assuntos urbanos e mobilidade, José Aparecido Ribeiro lembra que “as vias continuam as mesmas, sem qualquer mudança substancial condizente com o que virou a região. O trânsito é um caos e há apenas duas saídas, saturadas há tempos”.

Ribeiro aponta, como possível solução, a construção de um túnel, que sairia próximo aos hospitais Vila da Serra e Biocor, chegando ao bairro Belvedere, em BH. “Quem mora na vizinhança pode até reclamar do aumento do tráfego, mas é preciso pensar no coletivo”, argumenta. (Colaborou Izabela Ventura).

Taxistas evitam região para não ter prejuízo

No horário de pico, pegar um táxi na avenida Alameda da Serra, conhecida como Seis Pistas, em Nova Lima, é uma aventura. Na última segunda-feira (19), o ex-secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais, Wilson Brumer, de 65 anos, que trabalha e mora na avenida, tentava conseguir uma viagem para o Centro de Belo Horizonte. Mas ficou aguardando por um bom tempo em frente ao escritório.

A espera de Brumer, de acordo com o taxista Geraldo Antônio Resende, de 47 anos, é padrão, e não um caso isolado. Como o trânsito ali é muito ruim, ele e os colegas de trabalho evitam o local nesse horário.

“A partir das 17h, quando o pessoal começa a sair do hospital, o trânsito fica intenso e não vale a pena pegar corridas, porque gasta-se muito tempo para voltar. Por isso, os taxistas de Nova Lima evitam passar por aqui e pegam corridas no Centro da cidade”, afirma. De acordo com Resende, a região é atendida também por taxistas de Belo Horizonte.

Mas não são só os motoristas de táxi que evitam a avenida neste horário. A dentista Karina Silva Araújo, de 38 anos, moradora de Lagoa Santa, desde 8 de maio vai todos os dias a um hospital na Seis Pistas para acompanhar o tratamento da filha, mas evita sair entre 17 e 20h. “O trânsito neste horário é péssimo”, reclama.

Solicitações

A Associação dos Moradores e Amigos do Vila da Serra e Vale do Sereno (Amavise) já fez pedidos de várias melhorias à Prefeitura de Nova Lima, sem sucesso. “A região foi vendida como uma área de alto padrão e qualidade de vida, mas são os bairros mais abandonados da cidade”, diz o vice-presidente da entidade.

A opinião dele é compartilhada pelo corretor de seguros Afonso Sérgio Porto, de 62 anos, que trabalha na região há quase uma década.

“As intervenções no trânsito não vieram na mesma velocidade com que os prédios foram construídos. Mas, quando o morador chega em casa, ele descansa, porque as opções de lazer são muitas”, avalia.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por