Livre concorrência

Sem monopólio, cervejas artesanais ganham espaço, mas preços assustam foliões

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 21/02/2023 às 07:00.
Fábio Barbosa não dispensou a bolsa térmica cheia de cerveja para amenizar o impacto no bolso (Fotos Fernando Michel)

Fábio Barbosa não dispensou a bolsa térmica cheia de cerveja para amenizar o impacto no bolso (Fotos Fernando Michel)

Cerveja gelada combina com folia e é presença garantida nos blocos que enchem as ruas durante o Carnaval de Belo Horizonte. Neste ano, sem a barreira da cervejaria Ambev, que não fechou acordo de patrocínio e exclusividade com a prefeitura da capital, o consumidor teve acesso a uma variedade maior de marcas, mas o aumento da concorrência não resultou em preços menores para os consumidores.

O vendedor Luciano Alves, que está indo de bloco em bloco junto com a esposa e um isopor cheio, conta que o aumento de preços e a concorrência não permitem valores menores. “Algumas marcas que as pessoas pedem aumentaram muito. A gente faz promoções, mas não tem como baixar muito. Está tudo muito caro, até o gelo ficou mais caro no Carnaval e dificulta vir para o bloco vender com um preço muito baixo”, diz.

Seja qual for a justificativa, muitos consumidores reclamaram e optaram por levar as bebidas de casa. Um dos adereços mais comuns dos foliões nos blocos carnavalescos de BH eram as bolsas térmicas, coolers e caixas de gelo, para garantir o “combustível” próprio, como disse Fábio Barbosa, motorista de aplicativo que nesta segunda-feira (20) curtia o Bloco Havaianas Usadas com a cerveja trazida de casa. 

“O dinheiro que a gente vai gastar é o mesmo, mas trazendo de casa a gente consegue beber bem mais. Se acabar, a gente compra do pessoal aqui, mas tenta economizar”, diz.

Os preços de uma lata de 473 ml das principais marcas comercializadas variam entre R$ 12 e R$ 15 na maioria dos ambulantes. Se der uma choradinha, consegue um descontinho ou uma promoção se comprar uma quantidade maior, mas o valor continua elevado.

Vendedor Luciano Alves com a esposa diz que está difícil fazer desconto após alta no preço da bebida pela indústria (Fernando Michel)

Vendedor Luciano Alves com a esposa diz que está difícil fazer desconto após alta no preço da bebida pela indústria (Fernando Michel)

Nos supermercados

Os mesmos rótulos podem ser encontrados nos supermercados de Belo Horizonte com preços entre R$ 3,99 e R$ 5,40. Essa diferença foi o que fez Atos Barbosa vir de Ribeirão das Neves até a região central de Belo Horizonte carregando sua própria bebida em um carrinho térmico. “Compensa demais! O dinheiro que a gente economiza garante mais festa no Carnaval”, conta.

Chance de aparecer
Sem a Ambev, as cervejarias artesanais da Grande BH tiveram a oportunidade de patrocinar a festa na capital e apresentar rótulos novos aos consumidores. Uma das marcas que caiu no gosto do folião belo-horizontino foi a Xeque Mate, bebida mista gaseificada de mate, rum artesanal, guaraná e limão.

No site da empresa tem um anúncio dizendo que “devido a alta demanda do Carnaval os estoques acabaram”, mas que em breve terá mais produto para distribuição aos consumidores.

De acordo com expectativas
Na véspera do Carnaval, o site Mercado Mineiro divulgou uma pesquisa mostrando que, antes mesmo de a folia começar, os preços da cerveja já estavam elevados e era necessário bater perna para encontrar os melhores preços.
 
Na divulgação da pesquisa, o diretor do site, o economista Feliciano Abreu, fez um alerta. “Já está muito caro sair e, se aumentar o preço, o próprio setor pode sofrer com isso”, advertiu.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por