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Segunda-Feira,29 de Abril

Sete são condenados por levar travestis para rede de prostituição na Europa

Hoje em Dia
12/11/2014 às 13:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:59

Sete pessoas acusadas de tráfico internacional de pessoas e prostituição foram condenadas pela Justiça mineira. Conforme o Ministério Público Federal (MPF), os réus Luciano Garcia, Maria José Ferreira Matos, Vilmar Rodrigues Cardoso, Elvis Osório, Aurora Osório Araújo, Wesley Rodrigues Pereira e Marcelo Carrijo levavam travestis para se prostituírem em países da Europa. Eles receberam penas que vão de 7 anos a 16 anos e 6 meses de prisão.   Conforme o MPF, a atuação do grupo criminoso começou a ser desvendada a partir de denúncias, pela Polícia Federal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sobre o aliciamento de travestis na região do Triângulo e Alto Paranaíba.   As investigações resultaram, no dia 18 de outubro de 2006, na realização da Operação Caraxupé, quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão e dez pessoas foram presas em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina. A PF, na ocasião, descobriu que se tratavam de três grupos distintos que cometiam o crime.   Na sentença, o magistrado responsável pela sentença afirmou que existem provas quanto à relação de amizade entre os réus, mas cada grupo com sua “organização distinta para o exercício de seus negócios escusos, ilegais e imorais”.   Levamento apontou que somente nos dez primeiros meses de 2006, os réus, em conjunto, já tinham enviado cerca de 40 travestis para prostituição na Europa.   Atuação   De acordo com o MPF, os líderes de cada grupo, que também eram travestis, recrutavam as vítimas em todo o Brasil, por indicações e pela internet, enviando-as para a Itália (Milão, Roma e Florença) e Espanha (Zaragoza, Pamplona e Madri). Para não despertar suspeitas, os travestis desembarcavam em Lugano ou Zurique, na Suíça, em Amsterdã, na Holanda, ou em Paris, na França, onde a fiscalização é menor e eles corriam menos risco de serem pegos pelas autoridades locais.    Eram cobrados de cada um, em média, 10 mil euros pelas passagens, hospedagem e alimentação, além do uso dos pontos de prostituição. Para que não retornassem ao Brasil sem pagar o que deviam, as vítimas tinham os passaportes retidos. Os contratos assinados antes da viagem chegavam a incluir bens da família como garantia. Houve um caso em que, não conseguindo pagar a dívida com suas atividades no exterior, o aliciado teve que vender a casa de sua mãe ao retornar ao Brasil.   Quando foram presos, todos os acusados possuíam diversos documentos que comprovavam as práticas criminosas, entre eles, fotografias, contratos, extratos bancários, passaportes e passagens para o exterior em nome das vítimas.   Grupos   Ainda conforme o MPF, um dos grupos era chefiado por Luciano Garcia, codinome Luciana Garcia, que enviava travestis e transexuais para prostituição na Espanha. Luciana contava com o auxílio de Maria José Ferreira Matos (chamada Zélia), cabeleireira da rua Augusta, na capital paulista, responsável pelo aliciamento de novas vítimas.   O chefe do segundo grupo era Vilmar Rodrigues, codinome Pamela, que recrutava, transportava e fornecia alojamento a diversas pessoas, principalmente travestis e transexuais, em sua residência. Quando foi preso, em outubro de 2006, viviam em sua “pensão” ao menos 16 travestis vindo de diversas partes do Brasil, com todas as despesas de transporte custeadas por Vilmar, todos à espera do embarque para a Itália.   As investigações também apontaram que Vilmar Rodrigues, ou Pamela, como era chamada, era dono de vários pontos de prostituição em Uberlândia, cobrando cerca de R$ 80,00 por semana para que os travestis pudessem utilizar os locais. Assim, enquanto aguardavam o embarque, eles eram obrigados a se prostituírem, numa espécie de “estágio obrigatório”.   Por sinal, ele era conhecido pela violência com que tratava as vítimas que não lhe pagassem pelo uso dos locais de prostituição e pela hospedagem, chegando a fazer ameaças aos familiares.   O terceiro grupo era liderado por Elvis Osório de Araújo, a Lorraine, que era auxiliada por sua mãe, Aurora Osório, e pelos demais acusados, Marcelo Carrijo e Wesley Rodrigues, codinome Isadora. Ao contrário de Luciano e Vilmar, que atuavam apenas com travestis, Elvis também traficava mulheres para o exterior, principalmente para a Itália, onde comandava cerca de dez pontos de prostituição. Ele possuía inclusive uma casa em Milão, que era usada para abrigar aliciados.

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