Sindicato denuncia problemas no sistema de saúde em BH e cobra providências

Cristina Barroca - Hoje em Dia
21/01/2016 às 09:20.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:06
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Falta medicamentos, vitaminas, espadrapapos e até lenços de papel e sacos de lixo. Manutenção de equipamentos e limpeza do ar condicionado atrasados, colchões rasgados e em condições precárias e, além disso, mau cheiro nas pias. Cadeiras e suportes de soro insuficientes. Esses são alguns dos vários problemas apontados pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (SINDIBEL) sobre o sistema de saúde municipal, listados e encaminhados ao prefeito Marcio Lacerda, com cópia ao Secretário Municipal de Saúde Fabiano Pimenta e ao presidente do Conselho Municipal de Saúde Wilton Rodrigues. De acordo com o sindicato, o objetivo é cobrar providências dos governos. O documento foi entregue na terça-feira (19). A secretaria municipal de saúde nega as irregularidades.

No documento, a equipe sindical denuncia ainda que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), da região Norte não possui alvará habilitado pelo Ministério da Saúde para funcionamento. No entanto, e Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirma que essa documentação diz respeito apenas ao financiamento e não ao funcionamento, e que a unidade é integralmente financiada pelo município. Ainda sobre a UPA Norte, o Sindibel afirma que o prédio onde funcionaria o equipamento deveria ter sido entregue em dezembro de 2014, e se encontra abandonado, com mato crescendo em larga escala nos seus arredores, acumulando lixo. O que poderia se tornar um ambiente favorável para de proliferação de dengue, zika vírus e chikungunya, principalmente em período chuvoso.

Na UPA do Hospital Odilon Behrens, o Sindibel afirma que o setor de enfermagem, que deveria atender a média de cinco pacientes por dia para cada profissional, está sendo obrigado a assumir até 18 usuários/dia, conforme relatos que chegaram ao sindicato. Na UPA Leste, os próprios servidores denunciaram infestação de carrapatos.

Respostas

A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), no entanto, nega que haja essa ausência generalizada de medicamentos, insumos, materiais e os problemas estrutuais apontados pelo sindicato e admitiu que possa ocorrer faltas pontuais de algum remédio, em função de problemas na entrega pelo fornecedor ou devido a recursos em processos licitatórios. Nesses casos, segundo a secretaria, a Comissão de Farmácia e Terapêutica indica medicamentos que possam substituir aquele que possa estar faltante.

Sobre a limpeza, a SMSA mais uma vez desmente e diz que mantém contrato com empresas especializadas para realizar estes serviços e que eles são feitos regularmente, mas disse também que vai reforçar a determinação para checar o sistema de drenagem das pias.

Em relação ao terreno da UPA Norte, a SMSA afirma que o local é vistoriado quinzenalmente pelas equipes de combate a endemias.

No caso do Hospital Odilon Behrens, de acordo com a SMSA, o número de profissionais é dimensionado conforme a demanda e diz não haver sobrecarga no local. E sobre a UPA Leste, uma equipe de controle de zoonoses esteve no local e constatou que não se trata de infestação, mas os ácaros encontrados foram recolhidos e a equipe de limpeza orientada, segundo a PBH. A prefeitura também informou que foi realizada uma dedetização na unidade no dia 12 de janeiro.

Hospital do Barreiro

Os servidores também identificaram problemas no Hospital do Barreiro. As principais queixas foram que ele funciona inteiramente em apenas um andar, ou seja, não possui CTI ou bloco cirúrgico e recebe apenas pacientes de baixa complexidade, com disponibilidade de internação somente de um dia para o outro, o que resulta em sobrecarga.

A SMSA reforçou que a ativação integral do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro depende de financiamento do Ministério da Saúde. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) chegou a informar ao município que fará um repasse de 50% do valor que for transferido pelo órgão federal, mas que também aguarda a publicação da portaria por parte da União.

Segundo a secretaria municipal, o hospital trata de pacientes de terapia intensiva e que necessitam de internação clínica; "o setor de urgência funciona com 47 leitos, sendo 39 de observação e seis de CTI e dois de emergência".

Leishmaniose

Além disso, foi levantado pelo sindicato e por colaboradores que há possibilidade de uma epidemia de leishmaniose no município em função da redução de equipes de prevenção em todas as regionais. Ainda segundo o Sindibel, a justificativa para esse problema seria a redução do número de kits do teste que detecta a doença.

De acordo com a SMSA, os insumos estratégicos, como kits para diagnósticos e inseticidas, são de responsabilidade do Ministério da Saúde, que repassa à Secretaria Estadual de Saúde e que, por sua vez, repassa conforme necessidade e estoque disponível.

Apesar disso, conforme a PBH, o município conseguiu reduzir o número de casos de leishmaniose visceral em humanos. Em 2008, foram 161 casos notificados. Em 2010 foram 132; em 2012, 56 e em 2015, 42 casos.

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