
Os leitos de terapia intensiva dedicados a pacientes com Covid-19 nos hospitais públicos de Belo Horizonte atingiram, pela primeira vez, a taxa de ocupação de 82%, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. A última atualização, referente a domingo (14), mostra que, ao menos, 201 leitos de UTI da rede pública, de um total de 246, estão ocupados no momento, na capital, por pacientes com o novo coronavírus.
Os 720 leitos destinados a pacientes com outras doenças também estão com alta ocupação em BH: 80%.
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, a taxa para a Covid-19 reflete um cenário de aumento da demanda por internação na capital, que já vem sendo observado nos últimos dias. Para o infectologista Unaí Tupinambás, integrante do Comitê de Enfrentamento à Epidemia em Belo Horizonte, a marca é preocupante. “Está indicando que há aumento significativo dos casos da Covid-19 impactando no sistema público e também na saúde suplementar. É dado preocupante e todos temos que agir de forma a impedir o colapso no sistema de saúde”, afirmou o infectologista, que também é professor da Faculdade de Medicina da UFMG.
Para Unaí, a população belo-horizontina deve reforçar as medidas de isolamento social – ou seja, a pessoa só deve sair de casa quando houver real necessidade. Também deve-se manter a higienização das mãos e o uso de máscaras em locais públicos.
O problema é que o índice de isolamento social vem sendo reduzido na capital mineira. De acordo com levantamento da empresa In Loco, a partir de dados de celulares, o índice de isolamento em Belo Horizonte foi de 40% na sexta-feira (13) e de 48% no sábado (14).
Como reação ao aumento da ocupação, a PBH informou, em nota, que tem acionado os hospitais da rede SUS-BH para abertura dos leitos previstos no plano de contingência. Até o momento, já foram ofertados 26 novos leitos de UTI adulto na primeira quinzena de junho para a Covid-19, sendo previstos outros 92 leitos de UTI adulto para abertura nos próximos 30 dias, 30 deles ao longo desta semana. "Todos esses leitos que serão abertos são novos e contam com respiradores", informou.
A Secretaria Municipal de Saúde ainda declarou a ampliação da capacidade na cidade poderá significar 1.597 leitos adicionais para a Covid-19, entre enfermaria e UTI. “Com isso, a capacidade de leitos de UTI para enfrentamento da doença será incrementada em 50%, o que também terá repercussão na taxa de ocupação. A ampliação de leitos ocorre desde o início da pandemia, e houve, por exemplo, na última semana”, afirmou a pasta por meio de nota. Atualmente, a cidade tem 966 leitos de UTI (Covid e outras doenças) e 4.407 leitos de enfermaria na rede pública.
Estado
Nesta segunda-feira (15), o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, afirmou que se reunirá, ainda nesta semana, com a Prefeitura de Belo Horizonte para discutir a ampliação de leitos na cidade.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que a taxa de ocupação geral de leitos de UTI está em 72,62% e de leitos clínicos está em 72,41%, mas que uma pequena parcela é ocupada por pacientes com Covid ou suspeita da doença. Em relação ao novo coronavírus, as taxas de ocupação são de 12,91% nos leitos de UTI e de 9,15% nos leitos clínicos.
Caso seja necessário, o Estado poderá usar o Hospital de Campanha montado no Expominas, com 768 leitos para evitar a saturação do sistema de saúde de Minas Gerais em razão da pandemia da Covid-19. Ele ainda não está sendo utilizado e pode servir para o encaminhamento de pacientes de outros municípios do Estado.
(Com Anderson Rocha)