
O julgamento do médico Álvaro Lanhez foi suspenso na noite desta segunda-feira (18) no primeiro Tribunal do Juri em Belo Horizonte e deve ser retomado nesta desta terça (19) quando deve proferida a sentença.
Os trabalhos foram suspensos depois que o réu foi ouvido. Ele é um dos médicos acusados pela morte e retirada ilegal dos órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, em 19 de abril de 2000, em Poços de Caldas, no Sul de Minas.
O réu está em São Paulo (SP) e será ouvido virtualmente. Segundo a denuncia do Ministério Público, Álvaro e outros médicos são acusados de adotar procedimentos ilegais para forjar a morte cerebral de Paulo Pavesi e, em seguida, retirar e transplantar os órgãos do menino.
Na tarde desta segunda (18), testemunhas foram ouvidas virtualmente. A única testemunha de acusação é o pai do menino, que está na Itália. Ele foi o primeiro a ser ouvido. Já as cinco testemunhas da defesa estão em Poços de Caldas, Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e Cruzília, no Sul de Minas.
Álvaro já deveria ter sido julgado em outubro do ano passado. Mas, o júri foi adiado porque o médico dispensou oito advogados que trabalhavam na sua defesa.
Quatro mulheres e três homens compõem o conselho de sentença.
Caso Pavesi
O caso teve início em 19 de abril de 2000 quando Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, caiu de uma altura de 10 m no prédio onde morava em Poços de Caldas.
O menino foi levado para o Hospital Pedro Sanches e, dois dias depois, foi transferido para a Santa Casa da cidade, onde os médicos teriam constatado a morte cerebral e os órgãos da criança foram retirados e transplantados.
De acordo com a Justiça, os profissionais adotaram procedimentos incorretos na declaração de morte e remoção dos órgãos de Paulo Veronesi. A suspeita é que o menino estava clinicamente vivo quando seus órgãos foram retirados.
O caso levou a uma investigação sobre irregularidades no esquema de transplante de órgãos em Poços de Caldas.
A conclusão do inquérito da Polícia Federal apontou que o exame para constatar a morte cerebral de Paulo Veronesi foi feito de forma irregular.
A investigação deu origem a outros inquéritos e a Santa Casa perdeu o credenciamento para realizar transplantes de órgãos.
De acordo com o Ministério Público, a documentação que comprovou a morte encefálica do menino foi forjada com objetivo de tornar a criança uma doadora de órgãos.
Em 30 de março de 2021, a justiça brasileira condenou dois médicos, José Luis Gomes da Silva e José Luis Bonfitto, que fizeram o atendimento de emergência de Pavesi, a 25 anos e 10 meses de prisão, respectivamente, e pagamento de multa. Marco Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri. Os outros médicos ainda serão julgados.
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