Quase metade dos testes de Covid-19 realizados na rede de medicina diagnóstica de um dos maiores laboratórios do país tem resultado positivo para a contaminação pelo coronavírus. Enquanto isso, o volume de testes para a doença vem registrando quedas consecutivas.
Nas últimas duas semanas, o índice de positividade para a Covid nos exames realizados pelo Grupo Pardini, que atua em todos os estados, passou de 39,7% para 45,2% (alta de 5,5 pontos percentuais), em todas as regiões, entre as 23ª e 24ª semanas epidemiológicas (dias 12 a 18 de junho). No mesmo período, em todo o país, houve queda de 32% no volume de exames realizados de RT-PCR.
Em Minas, o número de casos positivos do coronavírus teve alta de 6,2 pontos percentuais na 24ª semana. O percentual passou de 39,2% para 45,4%. Também no mesmo período, a realização de exames caiu 28,8% em relação à semana anterior.
O professor da faculdade de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em doenças infecciosas e parasitárias, Unaí Tupinambás, acredita que os índices refletem uma mudança no comportamento da população. “É o que estamos observando. As pessoas/gestores pararam de fazer o teste e estão negligenciando a infecção, banalizando a pandemia”, avalia.
O especialista que integrou o extinto Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte, encerrado pela Prefeitura depois de mais de dois anos de atuação no enfrentamento à pandemia na cidade, afirma que esse tipo de comportamento é perigoso. “É um risco, uma vez que, quanto mais o vírus circula, mais chances temos de novas variantes”, explica. “As variantes B4 e B5 parecem ser mais agressivas e podem evadir da resposta imune, afetando as pessoas mais vulneráveis”, conclui.
Já o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano Silva, que também era do extinto núcleo da PBH que orientava as medidas tomadas com relação ao vírus e à propagação da doença na na capital e que agora integra o Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19 em BH, diz que “as pessoas estão minimizando a importância do teste; acostumaram-se um pouco com a doença e, às vezes, preferem não fazer o exame. E muitas fazem também o autoteste”.
(Leopoldo Silva/Agência Senado)
A infectologista do Grupo Pardini Melissa Valentini conta que há especificidades dos prazos para uso do autoteste e do teste rápido, já que o período errado pode alterar o resultado. “Muitas pessoas estão fazendo os dois tipos de testes e, em caso de resultado negativo, eliminam a possibilidade da doença. Sendo que, o correto é recorrer ao exame RT-PCR de forma complementar, para o diagnóstico preciso”, explica.
O autoteste é recomendado para:
Segundo a médica, se o resultado for positivo, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde para confirmar o diagnóstico, entrar em isolamento imediatamente e redobrar os cuidados. Caso o resultado seja negativo e sem sintomas, o correto é ver se eles vão aparecer. “Se teve contato recente com pessoas diagnosticadas com Covid-19, a orientação é fazer um exame RT-PCR. Se estiver com sintomas, a pessoa deve fazer um novo teste ou procurar uma unidade de saúde para avaliação”, observa a especialista.
Estêvão Urbano vê com preocupação os números de casos confirmados da doença.” Essa taxa de positividade alta desse jeito mostra que o volume de casos é muito grande ainda. E nós temos que interpretar isso como estando no pico ainda de uma onda, sem podermos falar ainda que estamos em redução”, alerta o infectologista.
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