mudança de comportamento

Testagem de Covid cai em rede de laboratórios e número de casos confirmados aumenta no país

Luciane Amaral
@lucianeamarallamaral@hojeemdia.com.br
24/06/2022 às 08:32.
Atualizado em 24/06/2022 às 08:32

Quase metade dos testes de Covid-19 realizados na rede de medicina diagnóstica de um dos maiores laboratórios do país tem resultado positivo para a contaminação pelo coronavírus. Enquanto isso, o volume de testes para a doença vem registrando quedas consecutivas.

Nas últimas duas semanas, o índice de positividade para a Covid nos exames realizados pelo Grupo Pardini, que atua em todos os estados, passou de 39,7% para 45,2% (alta de 5,5 pontos percentuais), em todas as regiões, entre as 23ª e 24ª semanas epidemiológicas (dias 12 a 18 de junho). No mesmo período, em todo o país, houve queda de 32% no volume de exames realizados de RT-PCR.

Em Minas, o número de casos positivos do coronavírus teve alta de 6,2 pontos percentuais na 24ª semana. O percentual passou de 39,2% para 45,4%. Também no mesmo período, a realização de exames caiu 28,8% em relação à semana anterior.

O professor da faculdade de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em doenças infecciosas e parasitárias, Unaí Tupinambás, acredita que os índices refletem uma mudança no comportamento da população. “É o que estamos observando. As pessoas/gestores pararam de fazer o teste e estão negligenciando a infecção, banalizando a pandemia”, avalia.

O especialista que integrou o extinto Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte, encerrado pela Prefeitura depois de mais de dois anos de atuação no enfrentamento à pandemia na cidade, afirma que esse tipo de comportamento é perigoso. “É um risco, uma vez que, quanto mais o vírus circula, mais chances temos de novas variantes”, explica. “As variantes B4 e B5 parecem ser mais agressivas e podem evadir da resposta imune, afetando as pessoas mais vulneráveis”, conclui.

Já o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano Silva, que também era do extinto núcleo da PBH que orientava as medidas tomadas com relação ao vírus e à propagação da doença na na capital e que agora integra o Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19 em BH, diz que “as pessoas estão minimizando a importância do teste; acostumaram-se um pouco com a doença e, às vezes, preferem não fazer o exame. E muitas fazem também o autoteste”.

  • Autoteste de antígeno (AT-Ag): Pode ser comprado em farmácias e drogarias, e a pessoa coleta sua própria amostra nasal ou oral (saliva), faz o teste conforme a bula e interpreta o resultado.
  • Teste rápido de antígeno (TR-Ag): detecta na amostra colhida por meio de swab nasal ou nasofaringe as proteínas do coronavírus e pode ser feito em farmácias. Mas se a carga viral for baixa, a chance do teste não confirmar a doença é maior.
  • RT-PCR: É o exame mais preciso, feito em laboratório, para identificar a presença do material genético do vírus Sars-Cov-2 em amostras de secreção respiratória. A amostra é colhida por um profissional de saúde com um cotonete longo e estéril chamado swab.

(Leopoldo Silva/Agência Senado)

(Leopoldo Silva/Agência Senado)

A infectologista do Grupo Pardini Melissa Valentini conta que há especificidades dos prazos para uso do autoteste e do teste rápido, já que o período errado pode alterar o resultado. “Muitas pessoas estão fazendo os dois tipos de testes e, em caso de resultado negativo, eliminam a possibilidade da doença. Sendo que, o correto é recorrer ao exame RT-PCR de forma complementar, para o diagnóstico preciso”, explica.

O autoteste é recomendado para: 

  • indivíduos sintomáticos: a partir do 1º ao 7º dia do início dos sintomas;
  • indivíduos assintomáticos, a partir do 5º dia do contato com indivíduo com infecção por SARS-CoV-2.

Segundo a médica, se o resultado for positivo, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde para confirmar o diagnóstico, entrar em isolamento imediatamente e redobrar os cuidados. Caso o resultado seja negativo e sem sintomas, o correto é ver se eles vão aparecer. “Se teve contato recente com pessoas diagnosticadas com Covid-19, a orientação é fazer um exame RT-PCR. Se estiver com sintomas, a pessoa deve fazer um novo teste ou procurar uma unidade de saúde para avaliação”, observa a especialista.

Estêvão Urbano vê com preocupação os números de casos confirmados da doença.” Essa taxa de positividade alta desse jeito mostra que o volume de casos é muito grande ainda. E nós temos que interpretar isso como estando no pico ainda de uma onda, sem podermos falar ainda que estamos em redução”, alerta o infectologista.

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