delegado investigado

Testemunha diz que cena do crime envolvendo morte de motorista de reboque foi alterada

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
11/08/2022 às 12:42.
Atualizado em 11/08/2022 às 12:58
 (Maurício Vieira / Hoje em Dia )

(Maurício Vieira / Hoje em Dia )

Uma testemunha do caso envolvendo a morte do motorista de reboque, Anderson Cândido, relatou, durante audiência de custódia, que a cena do crime pode ter sido alterada. O delegado da Polícia Civil de Minas, investigado pela morte do homem, teve a prisão temporária convertida para preventiva, na última terça-feira (9). 

O agente atirou contra o motorista de reboque durante uma briga de trânsito no dia 26 de julho, na avenida do Contorno, na região Central de BH. Ele foi preso no dia 30 do mesmo mês após a corregedoria o indiciar por homicídio qualificado por motivo fútil. 

O delegado alega legítima defesa tendo em vista que, segundo ele, o motorista teria tentado atropelá-lo durante a briga. No entanto, uma das testemunhas relatou que o agente de segurança teria efetuado o disparo logo que desceu do carro, sem reação prévia da vítima. 

“O motorista do carro vinho parou o carro, desembarcou, deu aproximadamente 3 (três) passos para o lado, olhou para o motorista, sacou uma arma, apontou e efetuou um único disparo em direção ao para-brisa do caminhão reboque preto que já estava parado, tendo em vista que, o carro vinho já havia feito o caminhão frear totalmente quando obstruiu a sua passagem, ao diminuir sua velocidade quando estava na frente do caminhão (…)", diz trecho do documento, que descreve o relato da testemunha. 

Ainda segundo o relato, o motorista, quando teve seu caminhão obstruído, parou imediatamente. E, do jeito que parou, com as duas mãos no volante, tomou o tiro.

O depoente ainda foi questionado se a vítima teria acelerado o caminhão em direção ao delegado que representasse algum risco iminente ao policial. Situação negada pela testemunha.

Durante o depoimento, imagens da cena do crime foram apresentadas para as testemunhas. Segundo o depoente, os registros não condizem com a realidade. “Comunica que, de acordo com essas fotos apresentadas, a cena do crime foi alterada, que durante o disparo o carro vinho estava praticamente colado no para-choque do caminhão reboque (...)”, diz o texto.

A testemunha contou ainda que permaneceu no local após o disparo e disse ter ouvido uma conversa do delegado pelo celular. "Inquirido quanto tempo ficou no local após ouvir o delegado ao telefone confidenciando que havia matado Anderson, respondeu que ficou apenas alguns minutos, pois o policial que disse que ele havia feito 'me***'" virou para o depoente e o mandou "vazar dali".

O homem afirmou que tentou gravar a cena, mas que foi impedido por policiais conhecidos do delegado. 

O caso 

Uma discussão de trânsito teria motivado o disparo que causou a morte de Anderson Melo, segundo informações do boletim de ocorrência. O motorista do caminhão reboque teria fechado o carro em que estava o delegado, e os dois teriam começado a discutir.

Em depoimento, o policial civil alegou que agiu em legítima defesa. Segundo ele, a vítima teria fechado a viatura, que estava descaracterizada. O delegado teria, então, acelerado e parado à frente do caminhão e, em seguida, se identificado e ordenado que o motorista descesse do veículo.

O motorista do caminhão teria desobedecido e acelerado contra a viatura, momento em que o delegado atirou.

Anderson Melo chegou a ser socorrido no hospital João XXIII dentro de uma viatura do Denarc, onde passou por um procedimento cirúrgico. Mas não resistiu e morreu.

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